terça-feira, 16 de março de 2010

27012/13/14

27012


“Da terra e água o ser se confundia”
Insondáveis mistérios concretizam
Enquanto tantos seres agonizam
A noite desabando espessa e fria.

Os mares em terríveis ondas tomam
As ilhas, as calçadas e edifícios
Abrindo sob os pés os precipícios
Enormes pesadelos já se somam,

A neve sobre escombros se acumula,
Multidões vagando em procissão,
Não tendo mais destino ou direção,
Demônio satisfaz imensa gula.

Das carnes decompostas, seus petiscos,
Os sonhos fugidios, mais ariscos.

27013


Os sonhos fugidios, mais ariscos
Percebo agonizante a Terra inteira,
E a morte de outra morte mensageira
Eternizando a dor, trovões, coriscos

E as ânsias de uma vida bem melhor
Agora sepultadas neste Inferno,
O que pensara ser suave e terno,
Tragédia vai se impondo, tão maior.

Carcaças devoradas por rapinas,
Não resta sequer pedra sobre pedra,
O olhar mais corajoso já se medra,
Não sobram nem sequer becos e esquinas

E ainda sobre o nada que se cria
“Bramava o mar, o vento embravecia.”

27014


“Bramava o mar, o vento embravecia”
A vida que com luzes foi criada,
Agora totalmente destroçada
Enquanto toda a Terra enegrecia.

Partícipe do caos; nada mais posso
Somente me levar pela torrente,
Por mais que tal cenário me atormente,
Nenhuma reação, ainda esboço.

Insetos, vermes sendo então herdeiros
Fazendo dos escombros a partilha,
Alguma criatura ainda trilha
E avança sobre corpos, garimpeiros

Por mais que o vento ainda se arremeta
E em maremotos, trêmulo planeta.

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