quinta-feira, 18 de março de 2010

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“E vê, feliz, a prole junto aos lares”
Invejando outra sorte que não sua,
Uma alma tão soberba continua
Distante dos jardins, e sem pomares.

Estranhos dias, noites sem ninguém
Audaciosamente quero a luz
E sei quanto a verdade já traduz
O desamor que agora me contém.

Seguisse calmamente um passo manso
Na busca por momentos mais felizes,
Porém são tantas quedas e deslizes
Que o claro amanhecer já não alcanço.

Afiançando assim a solidão,
Matando em frio imenso o meu verão...


27137


“Dorme sem medo, acorda sem pesares,”
Quem sabe dos anseios de um amor
E nele se completa com louvor,
Fazendo da alegria seus altares.

Percorro a mesma estrada há tanto tempo
E nada além da curva, só tempestas,
E quando imaginara ver as frestas
Apenas encontrara contratempo.

Mesquinhos e medonhos os meus dias
Alheio aos mais sobejos sentimentos,
Somando tão somente os sofrimentos,
Aonde quis a paz, só heresias.

Vestindo esta ilusão, um andarilho
Vagando pelo nada, o medo eu trilho...


27138


“E a vereda conhece onde caminha;”
Por mais que possa crer noutro momento,
E quando após a chuva busco alento,
Somente a solidão inda convinha.

Espinhos tão comuns na longa estrada
As rosas espalhadas pelo chão,
Estrelas já percebo não virão,
A noite escura adentra a madrugada

E o peso do cansaço em minhas costas,
Solitário, nos bares inda vejo,
Aquém do mais complexo relampejo,
A vida retalhada em frias postas.

E bêbado encontro no vazio,
O que pensara outrora fosse estio...


27139


“Tem segura a cabeça sobre os ombros,”
Quem pensa e repensando o seu futuro
Já sabe quanto pode se escuro
Caminho que inda leve aos vãos escombros.

Negar esta verdade é ter no olhar
Vazias esperanças e ilusões,
E quando todo o fato tu me expões,
Só resta sem defesas mergulhar.

Sabendo da terrível tempestade
E quando necessário ter um barco,
O amor podendo ser deveras parco,
Traçando o desespero que me invade.

Sedento de esperança, nada vem,
Somente o mesmo fim, alheio e aquém...


27140

“Quem não aspira da grandeza aos combros”
Jamais conquistará qualquer espaço,
Assim se pela vida, ainda passo,
Olhando bem por cima dos meus ombros

Percebo quão diversa a mesma estrada,
Espalham-se floradas e granizos,
Os passos quanto mais forem precisos,
Maior a garantia assegurada.

E resta ao sonhador um novo fato
Após a derrocada, uma esperança,
Caminho tão diverso que ora trança
Prepara no final o desacato.

Esquivo-me das neves, bebo o sol,
Mas como se não tenho em ti, farol?

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