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“Era a virgem do mar na escuma fria”
Tocando mansamente a clara areia
No canto maviosos da sereia
Uma alma se entregando desafia
Os medos e temores de Odisseu
Traçando com seus sonhos novo cais,
Momentos que bem sei são magistrais
E neles todo amor me ensandeceu.
Vestígios do que fora no passado,
Somente solitário navegante
Agora ao perceber tal diamante
Também por ele sou iluminado.
Depois de tantos grandes desencantos
Vagando por tormentas, mares tantos.
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Vagando por tormentas, mares tantos
Encontro quem deveras eu queria,
Depois da noite amarga dura e fria,
Enfrentando temores e quebrantos
Decifro em meu caminho nova senda
E beijo tua boca em carmesim,
Aonde se fizera o meu jardim
A flor mais bela agora se desvenda.
E ao florescer permite que eu conceba
Supremas maravilhas, fabulosas
A mais perfeita rosa dentre rosas,
Deixando que seu cheiro se perceba
Assim como a sereia desejada
“Pela maré das águas embalada!”
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“Pela maré das águas embalada”
Trazida à branca areia feita em sonho,
Cenário tão fantástico eu componho
Depois da dura noite ultrapassada.
Traçando na alvorada um raro brilho,
Distante das tempestas mais ferozes,
Ouvindo dos prazeres suas vozes,
Na senda mais sublime agora trilho.
E vejo ser possível novo dia,
Aonde em poesia me desfaço,
Depois de tanta luta e do cansaço,
O coração em paz, enfim sorria.
Não quero mais seguir toscos caminhos
Distante de teus braços, teus carinhos.
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Distante de teus braços, teus carinhos
Não posso mais saber felicidade
E o medo do tormento que ora invade
Deixando os pensamentos mais sozinhos.
Audaciosamente busco então
Quem possa me trazer alento, pois
Sem nada no momento nem depois
A vida se perdendo em direção.
Nefastas ondas feitas desencantos
Atordoando assim, meu caminhar
Depois de tantas noites sem luar
As nuvens escorrendo turvos mantos
Pressinto maviosa esta chegada:
“Era um anjo entre nuvens d'alvorada.”
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“Era um anjo entre nuvens d'alvorada”
Trazendo enfim alento a quem sofria,
A vida se mostrara outrora fria
Agora poderia estar mudada.
Vencendo as minhas ânsias mergulhei
Nos braços desta deusa feita em luz,
Amor quando demais sempre conduz
À mais inglória e triste, dura grei.
Não pude perceber quando deveras
Finda-se o caminho benfazejo
E toda a solidão que ora prevejo
Transforma mansidões em cruéis feras
E ao ter em minha frente descaminhos
Perfaço os dias tristes e sozinhos.
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Perfaço os dias tristes e sozinhos
Amaldiçoada noite em que pensara
Ter minha vida agora mansa e clara
Envolto por amor em teus carinhos.
Depois o tempo trouxe a tempestade
E tudo desabando dentro em mim,
O amor foi devagar, chegando ao fim,
E a solidão terrível já me invade.
Pedindo então clemência, quero a paz.
E tudo o que vivera está desfeito,
A dor invade e assola então meu peito
E nem sequer o sonho satisfaz
Matando pouco a pouco a fantasia
“Que em sonhos se banhava e se esquecia!”
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“Que em sonhos se banhava e se esquecia”
Jamais imaginara ser plausível
Que o mundo de repente, imprevisível
Tornara a noite quente agora fria.
Medonhos pesadelos me açoitando
Aonde poderia ser feliz
Se a própria realidade me desdiz
E as esperanças fogem como um bando
E deixam tão somente esta tortura
Longe de ti não vejo mais o brilho
Da lua nem deveras quando trilho
Cansado de lutar, tanta procura
E assim se revelando noutros planos
A cada amanhecer, mais desenganos.
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A cada amanhecer, mais desenganos
Jamais eu poderia imaginar
Ausente dos meus olhos o luar,
Momentos de prazer agora danos.
Aguardo alguma luz que ainda venha
Mudar a realidade e nada vem,
A noite se repete e sem ninguém
Do Amor já não conheço nem a senha.
Cevara com ternura em solo agreste
Semente algum enfim ali brotara,
A vida que pensei tão mansa e clara
Diversa da verdade que me deste
A vida que pensara em dia brando
“Era mais bela! o seio palpitando...”
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“Era mais bela! o seio palpitando”
A divindade em vida que julgara
Ser minha em noite imensa bela e rara,
Porém o meu caminho desabando
Já não comporta mais felicidade
São tantos os enganos que carrego
Andando em senda amarga, sigo cego
Somente o medo teima, adentra, invade...
Não pude ser feliz. Ah quem me dera
Viesse alguma estrela e me trouxesse
O amor que se fazendo então a messe
Traria novamente a primavera
E o sonho que pensara no passado
Pudesse ter enfim concretizado
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