quarta-feira, 17 de março de 2010

27113/114

27113

“A tempestade preza as serranias”
E traça em cores grises o horizonte,
Por mais que ainda queira quem me aponte
Durante o temporal, alegorias.

Vivendo em vós somente as fantasias
Das quais o amor se fez segura ponte,
Sem nada que deveras desaponte,
Vencendo noites turvas e sombrias.

Servir-vos como serve um marinheiro
À bela comandante de um saveiro,
Enfrentando as procelas temerárias,

E ter nas mãos a sorte de saber
Que em vós eu poderei sempre vencer
Agruras muitas vezes procelárias...

27114


“O raio deixa os vales e as planuras”
Adentrando por serras e montanhas,
Enfrento com paixão, difíceis sanhas
E sei que em vós encontro enfim ternuras.

Por mais que as sendas sejam tão escuras,
E as horas tão doridas quão estranhas,
Conheço dos amores as entranhas,
E neles cessaram tantas procuras...

Alvissareiro sonho em que me dou,
Vencendo cada farsa, agora vou
Beber da suave mina feita em gozo.

Convosco não conheço solidão,
Momentos mais sublimes mostrarão
Um porvir decerto majestoso...

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