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“Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos”
Ao perceber inúteis as luzernas
Adentrando terríveis vãos, cavernas
Retratos de momentos tão medonhos.
Expondo à minha face tais paragens
Cenário distorcido em vagas luzes,
Arrebatando em mim diversas cruzes,
Soturnas e temíveis paisagens.
Das ânsias cintilantes fluorescências
E impávidas figuras caricatas
Em meio às gargalhadas e bravatas
Convites para os ermos das demências.
Afetam meu olhar e inebriantes,
Fulguram quais bisonhos diamantes.
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Fulguram quais bisonhos diamantes.
Olhares que me espreitam desta fera,
A solidão enquanto destempera,
Tranqüilizando ao menos por instantes.
Verdugos de nós mesmos, muita vez,
Alheios ao que possa ressurgir,
Ouvindo uma esperança além bramir,
Em novo dia, ainda, mesmo crês.
Adentro nos mistérios de minha alma
Masmorras, catedrais e ancoradouros,
Diversos caminhares, ritos mouros
Do quanto já vivera, medo e trauma
E quando me percebes arrebatas
“Templos de priscas e longínquas datas.”
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“Templos de priscas e longínquas datas”
Encontram no meu peito o esconderijo
E quanto aos meus anseios me dirijo
As dores se revoltam em cascatas.
E nesta turbulência mal convivo
Com todos os espectros que se hospedam
Caminhos usuais quebram, depredam,
E assim em meio ao caos eu sobrevivo.
Mortalhas entre pútridas carcaças
Somente me rondando pesadelos,
A cada nova noite revivê-los
Enquanto ao largo sei que ainda passas
E mesmo se presente; não me internas
Ao perceber inúteis as luzernas
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Ao perceber inúteis as luzernas
Estranho quando a luz em lusco fusco
Entranha muito além do que ora busco,
Traçando procissões raras, supernas.
Heréticos demônios coexistem
Com anjos muitas vezes mais profanos,
E os erros cometidos, meus enganos,
Ainda mesmo após, vivem, persistem.
Esboço reações, mas não prossigo
Etéreas maravilhas e abissais,
Nefastas hedonistas magistrais,
Ambígua sensação de caos e abrigo.
Insólito momento; desbaratas
“Onde um nume de amor, em serenatas.”
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“Onde um nume de amor, em serenatas.”
Ouvia-se deveras percebi
Esdrúxulos caminhos vêm a ti
Presenças tantas vezes mais ingratas.
Ascendo aos mais diversos elementos,
Na fúria deste vento, águas profundas
Incêndios invadindo quando inundas
Gerando paz em forma de tormentos.
Antíteses comuns de um sonho tosco,
A par destes incríveis contra-sensos
Os medos e os prazeres são imensos,
Luar mesmo que pleno, segue fosco;
E quando necessárias noites ternas
Adentrando terríveis vãos, cavernas
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