segunda-feira, 7 de junho de 2010

35761 até 35770

1


Aonde no princípio mero tédio
A vida agora em nova face expõe
O mundo aonde o ausente se dispõe
Diverso deste sonho em claro assédio,
Erguendo da ilusão sobejo prédio
E nele a intensidade onde dispõe
A força incomparável e se põe
De todos os temores, o remédio.
Eclodem maravilhas neste templo
E nele cada brilho hoje eu contemplo
Na pura tradução do farto amor,
E tendo esta beleza sobre nós
No quanto se pensara ser atroz
Um raro amanhecer a se propor.

2


Tu que penetraste em todo sonho
E dominaste sem mesmo saber
Ao espalhar em mim o florescer
De um tempo mais feliz, raro e risonho,
Aonde num passado tão medonho
Havia tão somente o desprazer
Nesta semente farta; o bem querer,
Um novo caminhar; quero e componho
Nas noites onde outrora a solidão
Reinara, agora imenso este clarão
Da lua se deitando sobre mim,
Ao lado em envolvente maravilha
A deusa dos meus sonhos, minha diva
Mantendo esta esperança sempre viva
E em raios florescentes me polvilha.


3


Tu que penetraste em todo sonho
E dominaste sem mesmo saber
Ao espalhar em mim o florescer
De um tempo mais feliz, raro e risonho,
Aonde num passado tão medonho
Havia tão somente o desprazer
Nesta semente farta; o bem querer,
Um novo caminhar; quero e componho
Nas noites onde outrora a solidão
Reinara, agora imenso este clarão
Da lua se deitando sobre mim,
Ao lado em envolvente maravilha
A deusa dos meus sonhos, minha diva
Mantendo esta esperança sempre viva
E em raios florescentes me polvilha.


4

A ver a velha sombra nos rondando
De um tempo aonde a sorte se mostrara
Deveras dolorida e mais amara,
Um ar quase terrível vago e infando,
Agora noutra face se moldando
A vida aonde o passo já se ampara
E nela a fantasia realizara
Aquele cujo sonho fora brando,
E tendo onde pudesse ver a foz
Do amor reinando intenso sobre nós
Eu vejo esta sombria face amarga,
Porém ao perceber tua presença
No brilho inconfundível me convença
Da benção; cujo olhar já não me larga.

5

Olhar sem horizonte, ao léu e insano
Durante tanto tempo havia em mim,
Apenas a tortura e já sem fim
A dor se transformando em perda e dano,
O quanto agora sigo o soberano
Caminho feito em glória e sei que enfim
Eu possa vislumbrar d’aonde eu vim
Um mundo se mostrando em claro plano,
Do tão puído pano da ilusão
Agora em mais completa sensação
O amor domina o espaço e doma em paz
Lutando por um dia ser feliz,
Percebo nos teus olhos o que eu quis
Na intensa claridade imensa, audaz.

6

O luto aonde outrora perfazia
A vida em dor sem tréguas, sem descanso,
Porém no teu caminho me esperanço
E vejo iluminado um novo dia
E nele tanto brilho em alegria
E assim rumo ao futuro ainda avanço
E quanto mais audaz o passo eu lanço
Maior percebo em nós esta harmonia,
Amar-te é como um sonho realizado
O céu deveras belo e irradiado
No brilho incontestável deste encanto,
E tendo esta certeza a cada passo
O amor ocupa assim qualquer espaço
E a dor em solidão, de mim espanto.

7

Vislumbro em teu olhar a mansa lua
Deitando seu clarão sobre quem passa,
A vida quando outrora em vã trapaça
Deveras dominara a sorte atua
E toma as plenas rédeas deste sonho,
Porquanto encontre em ti o que procuro
Trazendo a claridade a um céu escuro
Dourando o que pensara tão medonho;
Assim ao se mostrar intensamente
O amor domina o passo e se pressente
O novo aonde outrora houvera o nada,
E o quanto te desejo se revela
Ao perfazer a messe em rara tela
Nas ânsias deste amor sendo tramada.

8

Olhando muito além, para o infinito
Viceja dentro em mim esta esperança
Aonde cada brilho ainda alcança
Cenário se mostrando mais bonito,
E quando se percebe eu não evito
E sinto com fulgor onde se lança
O mundo em paz e nele esta aliança
Gerando o amanhecer em claro rito,
Recebo intensamente neste olhar
Beleza sem igual a dominar
O todo se gestando a cada brilho
E quando se imagina novo templo
A sombra do passado; inda contemplo
E a realidade atroz; viva, palmilho.


9


Envolto em plena treva eu vejo apenas
Os rituais sombrios de uma vida
Aonde se pensara percebida
Não tendo na verdade novas cenas,
O quanto deste tanto me apequenas
Nesta ânsia tão feroz e dolorida
Pudesse ainda crer numa saída
E nela novas sendas mais serenas,
O fato de sonhar impediria
O que pensara ainda em fantasia
Gestando muito além do que se vê
Na face inconseqüente de um amor,
E nele se perdendo o brilho e a cor,
O todo se apresente sem por que.

10

O peito aonde outrora havia a sensação
De um novo amanhecer iridescente
Agora em plena treva se apresente
Negando o que restara de um verão
O passo se moldando em simples não
No quanto ainda resta do aparente
Desejo mais audaz, nada se sente
Somente o fardo amargo e a solidão.
Resíduos de um caminho aonde outrora
A sorte iluminara, mas se aflora
Apenas o sombrio e nada mais,
O todo se dilui em mera sombra
O rosto de uma fera atroz assombra
Gerando os mais terríveis temporais.

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