sábado, 12 de junho de 2010

36431 até 36450

1


Olhando para o chão
Procuro meus pedaços
E sinto além os passos
Na ausente direção
Dos dias que virão
E neles olhos lassos
Buscando meus espaços
E sempre a negação
Tramando do vazio
O quanto em desvario
Pudesse ainda crer,
Mas nada no horizonte
Ainda em vão aponte
A vida em desprazer.

2

Não pude discernir
Sequer alguma luz
E quanto mais me opus
Distante o meu porvir,
A sorte sem sentir
O rumo que a conduz
Gerando em contraluz
O medo a dividir
Espaço com o anseio
E longe do que veio
O sonho mais audaz,
Agora não se trama
E sem clarão e chama
Aos poucos se desfaz.

3

A luz do sol já não
Permite que se veja
O quanto da alma andeja
Procura a direção
E sempre a negação
Além do que preveja
Ou tanto ainda almeja
Quem busca a solução,
O todo dita a regra
A vida desintegra
O passo rumo ao nada,
Assim ao mergulhar
No vago e torpe mar,
Minha alma naufragada.

4

Meu mundo resumia
No sonho sem ter onde
Nem mesmo quem responde
Matando a fantasia,
O todo não viria
E tudo já se esconde
Perdera o tempo e o bonde
Agora perco o dia.
O gesto ritual
A vida sempre igual
Monótono caminho
E sei que nada resta
Somente a mera fresta
E sigo vão, sozinho.

5

Mas, quando mais eu canto
Ninguém escuta além
O nada me contém
Somente o medo e o espanto
Ainda em desencanto
A tarde nunca vem
E sigo sempre aquém
Do que eu desejo tanto
Mergulho no vazio
E quando desafio
A sorte se transforma
E gera a solidão,
A imensa escuridão
Dos sonhos toma a forma.

6


Nos braços da saudade
O quanto pude ver
Além do desprazer
Ausente claridade
O nada que me invade
Impede o renascer
Do sonho e o bem querer
Gestando a tempestade,
Resumo cada verso
No quanto sei disperso
O mundo em tosca luz,
Assim no dia a dia
Apenas a ironia
Gerando o medo e a cruz.

7

O canto que dedicas
Aquém do quanto pude
Viver em juventude
Searas claras ricas,
E nunca mais replicas
O tempo em que se ilude
Nem mesmo esta atitude
Aonde te complicas.
Restando dentro em nós
A face mais atroz
Da imensa solidão,
Buscara algum sossego
E quanto mais me apego,
Mais perco a direção.

8

O medo de morrer
A angústia deste sonho
Aonde tão medonho
Eu sinto esvaecer
O quanto do meu ser
Pudesse ser risonho
E nada mais componho
Somente o nada ter,
Pudesse acreditar
Nas ânsias do luar
Deitando sua prata,
Porém nada se tendo
Apenas se perdendo
A lua em noite ingrata.

9


Na palidez tristonha
O cais distante eu vejo,
Ausente do desejo
Com quem minha alma sonha
No nada a vida enfronha
E sinto mais sobejo
O caos em que prevejo
Uma vida enfadonha.
Resisto e busco ainda
O amor que se deslinda
Além do quanto pude,
Assim ao me entregar
Sem nada a procurar,
Rompendo enfim o açude.

10

A vida me transmuda
E gera um solitário
Rumo desnecessário
Minha alma pede ajuda
E nada, enfim se muda
O vento é temerário
O sonho este corsário
Também em vão iluda
Quem tanto procurou
E nunca imaginou
A vida sendo assim,
Estrada traiçoeira
Estrela derradeira
Trazendo além meu fim.

11

Espero fantasias
Aonde nada vem
E sigo sempre aquém
Do todo que querias,
Vencer as ironias
E ter de novo alguém?
No nada se provêm
As noites duras, frias,
Perdendo o meu caminho
Vagando então sozinho
E nada mais se vê
Somente a dor e o medo
E quanto me concedo
Percebo sem por que.


12

Em meio a tempestades
Vagara a vida inteira
A sorte traiçoeira
Enquanto em degrades
Constrói de novo as grades
Destroça a vã bandeira,
E quanto mais se queira
Ausentes liberdades...
Não posso acreditar
Na falta do luar
No céu em tez brumosa,
Aonde mais preciso
O passo se indeciso
Ao nada em dor se glosa.

13



Nos campos procurando
Algum remanso ao menos,
Em dias mais serenos
Um tempo claro e brando.
Porém nada encontrando
Somente os teus venenos
Os dias são pequenos
Os mares revoltando,
O corte se aprofunda
A sorte moribunda
A morte se aproxima,
E quando pouco a pouco
Sem paz eu me treslouco,
Ausente uma auto-estima.

14

A cor maravilhosa
Da boreal aurora
Enquanto não se aflora
Espinho doma a rosa,
E quanto caprichosa
A vida se demora
E noutro cais ancora
A sorte torporosa
Não trama a solução
E sempre o mesmo não
Ainda vivo em mim,
Pudesse ter a messe
E nela inda tivesse
Florido o meu jardim.

15


Encanta meus olhares
A lua do meu sonho
E quando me proponho
Diversos caminhares
Tu sempre me negares
E nisto recomponho
O mar turvo e medonho
Por onde me entranhares.
Jazigo da esperança
O Amor já não me alcança
E trama amargo fim,
Pudesse finalmente,
Mas nada se pressente
Prossigo mesmo assim...


16


Por quantas noites tive
Ao menos a impressão
Da imensa sensação
E nunca mais estive
Ainda que se prive
A vida em solução
Traçando a negação
Em mim já sobrevive
Certeza de um momento
E nele se inda tento
Viver felicidade,
O nada se traduz
E gera nova luz,
Ainda que saudade...

17

Amor é sentimento
Voraz e sem juízo
Somando o prejuízo
A sorte ainda tento,
O passo mais preciso
A vida sem tormento
Enquanto me fomento
Ainda em falso riso
Procuro pela paz
E nada ainda traz
O tempo redentor
Aonde se perceba
Ou mesmo a vida embeba
O tempo em raro amor.

18

A minha salvação
O canto mais audaz
E nele tudo traz
Ao menos direção,
Vivendo em solidão
O olhar duro e mordaz
De quem não satisfaz
E nega a solução,
Pudesse ter nas mãos
Os dias mesmo vãos
Seria mais feliz,
Porém a sorte inglória
Em luz mais merencória
Jamais o bem me quis.

19


Se faz destas terríveis
Vontades o vazio
E nele se recrio
Amor em outros níveis
Os dias implausíveis
Portanto desafio
E sinto o desvario
Em vozes mais sensíveis,
Ausente dos meus dias
As meras alegrias
O tanto que se possa
Viver felicidade
Se nada mais invade
Senão a dor e a fossa?


20

É fonte do desejo
O amor que não se via
A sorte em agonia
O dia em que prevejo
Além deste lampejo
A vida em fantasia
Ausência da agonia,
Um canto mais sobejo,
Porém tudo ilusão
A sorte em negação
O olhar sem horizonte
É tudo o que ora sinto
A quando amor extinto,
Mais nada além desponte.

Nenhum comentário: