sábado, 12 de junho de 2010

36471 até 36490

1

A morte dos meus sonhos
A cada dia eu sinto
No amor há tanto extinto
Nos céus mais enfadonhos
Os dias mais tristonhos
E neles não pressinto
Alívio e deste absinto
Momentos bons, medonhos.
Não posso discernir
O quanto a se pedir
No nada que virá
Só sei que me preparo,
Pois sei do desamparo,
E o faço desde já.

2

O canto da saudade
Tocando dentro em mim
No amor que não tem fim
No corte enquanto eu brade
Na ausente liberdade
Na vida em tal festim
Na ausência de jardim
O olhar em tempestade.
O verso não me ilude
Nem mesmo outra atitude
O rumo mudaria,
Assim a cada instante
O passo em vão garante
A inóspita agonia.

3


Meu astro se desfaz
Nas ânsias de um alheio
Desejo em devaneio
Ausente em mim a paz,
O quanto mais voraz
Pudesse e me incendeio
Talvez houvesse um meio,
Mas nada satisfaz
Quem tenta tão somente
O quanto já se ausente
Em verso e o dia a dia
Demanda outro caminho,
E sei que sou daninho,
Compasso em heresia.

4

Renasce nos teus braços
O sol que não pensara
Ainda haver, e clara
A vida dita laços
E neles os espaços
Que o tempo sonegara
Agora se escancara
Em dias menos baços.
Bailando na ilusão
Procuro a direção
E tento finalmente
Depois dos desenganos
Já rotos velhos planos
A vida se apresente.

5

Procuro tuas cores
Nos sóis e nas manhãs
Após tantas malsãs
Estradas sem as flores,
Dos sonhos, condutores
As mãos ditando afãs
E neles sempre vãs
As sortes. Dissabores...
Audaciosamente
O corpo ora pressente
No sol a redenção,
Mas sabe muito bem
Que quando nada vem,
Somente uma ilusão.

6

Imagens de mulheres
Divinas dominando
O sonho desde quando
Partires e não queres
Saber do quanto eu tento
Viver sem a presença
De quem minha alma pensa
Pudesse no momento
Saber do quanto eu amo
E nada mais se dera
Somente esta quimera
Em vão teimo e reclamo,
Cansado das mesmices,
Quem dera enfim me ouvisses!

7

Meu mundo se resume
No sonho mais audaz
Que a sorte um dia traz
Por mais que ela se exume
Do todo e de costume
Olhar que sei mordaz,
Porém sigo tenaz
Enquanto em vão se rume.
Não deixo de te amar
Pudesse até sonhar
Com quem já não me quer,
Ausente deste laço
A vida inútil, traço
Sem ter a paz sequer.

8


As bocas que sonhei
Diversas maravilhas
Agora quando trilhas
Rondando a minha grei,
De novo imaginei
No quanto tanto brilhas,
Mas sempre em vão palmilhas
Distante do que eu sei.
Alheia aos cantos meus
Nos olhos outro adeus
Somente e nada mais,
Cansada desta luta
Ainda a alma reluta,
Momentos terminais...

9

Agora não freqüentam
Sequer as mais distantes
Pousadas. Por instantes
As sombras acalentam,
Mas quando se apresentam
Mortalhas degradantes
Por mais que me garantes
As sortes violentam...
O vinho em torpe adega
O vago se navega
A morte se moldando,
O quadro assim se tece,
Uma alma busca em prece,
Além deste ar nefando...

10

Mulheres se passaram
Por uma vida inválida,
Presença mesmo pálida
Dos dias que buscaram
Os cais quando se amparam
Na fonte bem mais cálida,
Quem sabe uma crisálida?
Os tempos já negaram...
Restando dentro em mim
O pouco de onde vim
A farsa mais atroz,
E nada se persiste
Num mundo duro e triste
Negando a própria voz.

11

De destino cruel
A sorte nunca veio
Apenas o receio
E nele farto fel,
Resumo o parco céu
Por onde me incendeio
No passo além e alheio
Riscando o mundo ao léu.
Assumo cada engodo
Adentro neste lodo
E busco a salvação,
Quem sabe eu possa ter
Além de algum prazer
Real libertação?

12


Mas eis que minha sorte
Jamais se deu inteira
E como é traiçoeira
A mão que me conforte.
A vida sem um norte
Ainda que não queira
Invade em corredeira
Negando algum suporte.
E sei quanto sou frágil
Embora pensasse ágil
Não tenho outra saída,
Assim quando me afasto
Por mais que sei nefasto,
Preservo a minha vida...


13

Na curva desta estrada
Depois de tanto medo,
Ainda o que concedo
Talvez não diga nada,
Mas tento desvendada
A sorte noutro enredo
Quem sabe desde cedo
Perceba outra alvorada?
Não pude ter a paz
Aonde fui capaz
De tentar alegria,
O todo se perdendo
Se eu sou tal mero adendo
Além não poderia...


14

A luz que bruxuleia
No quarto do meu sonho
Aonde decomponho
A lua outrora cheia
E tudo devaneia
A sorte em ar bisonho
O passo mais tristonho,
Da vida uma alma alheia
Não sabe e nem percebe
O quanto em fria sebe
Pudesse acalentar,
Vagando sem destino
Aos poucos não domino
Meu sonho rumo ao mar...

15


Num segundo, em farol
A vida poderia
Tramar com alegria
O quanto em arrebol
Vivendo agora em prol
Da imensa alegoria
Aonde já se guia
Um sonho, girassol.
Resumo desta vida
Há tanto adormecida
Em dores e lamentos,
Assim ao perceber
Enfim amanhecer
Adeus aos sofrimentos...

16

Beleza sem igual
Nos olhos de quem ama,
E sabe acesa a chama
Em paz consensual,
O corpo sensual
O quanto quer e clama
E tanto se proclama
Em rumo desigual,
Vagando em noite vã
Quem sabe no amanhã
Encontre finalmente
O todo feito em luz
E quanto mais me opus
A vida mais lamente...

17

Pensei apenas soube
No tanto que talvez
Pudesse enquanto vês
O quanto já não coube
Da luz que o tempo negue
E tanto quis em mim
Sem ter flor e jardim,
Amor não mais sossegue
Buscando em plenitude
O todo que não veio,
E sigo sempre alheio
Enquanto a sorte ilude,
Restando do meu sonho
Um ar tão enfadonho.

18


Ao conhecer os campos
Por onde poderia
Haver em alegria
Além dos pirilampos
A lua plena e cheia
E nela meus momentos
Sem dor ou sofrimentos
Na paz que tanto anseia.
Vagando em noite densa
A sorte se desfaz
Por onde quis a paz
Sem nada que a convença
Somente o vendaval
Num tempo sempre igual...


19

Onde repousam sonhos
Mortalhas apresento,
E bebo deste vento
Em ares tão tristonhos.
Mesquinharias tantas
Em luzes discrepantes
E nada me garantes
Enquanto desencantas
E geras tão somente
A dor e a solidão
Nos braços da ilusão
A vida tanto mente,
Uma emoção pudera,
Não fosse tal quimera...

20


Procurei por entranhas
Diversas dos meus dias
As meras alegrias
Somente em vãs e estranhas
Palavras me acompanhas
E tantas fantasias
Morrendo e não querias
Dos vales as montanhas.
Seara mais dorida
Assim a minha vida
Em triste caminhada,
Do todo que buscara
Apenas corte e escara,
Depois, não vejo nada.

Nenhum comentário: