sábado, 12 de junho de 2010

36381 até 36390

1

Meu grito nunca mais
Ouvindo-se distante
De quem não me garante
Momentos magistrais
O quando busco o cais
Eterno navegante
Sabendo a cada instante
Os fartos vendavais
Resumo a minha vida
Na sorte prometida
Que rondo e já não vejo,
Assim ao mergulhar
Nas ânsias deste mar
Intenso de um desejo.

2

À noite, adormecido,
Sem ter ninguém ao lado,
A morte diz recado
E tudo está perdido,
No gozo pressentido
As lendas do passado,
O mundo degradado
Apenas vago olvido,
Restando quase nada
Da sorte desejada
E tanto prometida
Vagando sem ter paz
Olhar turvo e mordaz
Comanda a minha vida.

3

Saber o quanto a dor
Pudesse apascentar
Quem tanto a desejar
Se fez um sonhador,
E quanto mais amor
Maior o despertar
E nada a se mostrar
Somente a decompor.
O risco de viver
A sorte do querer
O medo desampara,
O tanto que perdi
Vagando e chego aqui
Em tétrica seara.

4

Estrela dos teus olhos
Vagando sem destino,
O quanto me fascino
Enfrento tais abrolhos,
Os dias se repetem
E nada mais eu tenho,
Tão frágil desempenho
E nele se prometem
Momentos mais felizes
E sei que são tão falsos
Apenas em percalços
E neles os deslizes,
As quedas são constantes
Passos titubeantes.

5


No que me restará
Do sonho, apenas isto
O fato em que resisto
Sabendo desde já
Que nada mais virá,
Porém nunca desisto
E se inda teimo e insisto
O sol, pois brilhará.
Redimindo os enganos
Mudando assim meus planos
Os danos remendados
Os dias que virão
Tramando a solução
Quem sabe, novos fados?

6


Nos ventos, meu orgulho
Perdido para o eterno
O quanto quis mais terno
Inútil, mas mergulho
E a cada pedregulho
Aumenta o duro inferno
Nos sonhos eu me interno
E sinto este marulho
Promessa de sereia
No quanto me incendeia
Depois se desfazendo
Aos poucos acordando
E vendo desabando
O sonho esvaecendo.

7

Por vezes, meu caminho
Pudesse até trazer
A paz do bem querer
A calma neste ninho,
Mas sigo e vou sozinho
Buscando algum prazer
Cansado de saber
Que apenas tenho espinho,
Em cada despedida
Aumenta a já sofrida
Estrada rumo ao nada,
Assim enveredando
Tristeza desde quando
A sorte em vão lançada.

8

Distantes esperanças,
Ausentes alegrias
E quanto mais querias
Ao nada tu te lanças
Assim desconfianças
E delas heresias
Portanto não sabias
Das torpes alianças
Sedento navegante
Sem nada que adiante
O passo rumo ao porto,
Olhando para trás
O quanto inda se faz
O dia semimorto.

9

Vitórias sempre eu quis,
Mas nada se veria
Senão tal fantasia
Imensa cicatriz,
A dor de um aprendiz
Imerso na agonia
Morrendo a cada dia
Jamais serei feliz.
Resumo do que fora
A sorte tentadora
E nada além do sonho,
Restando dentro em mim,
Tristeza já sem fim,
Num ar torpe e medonho.

10

Quem sempre se perdeu
De todos os caminhos
Vertendo em desalinhos
O mundo que era seu
Não sabe o quanto deu
Meu passo em tais espinhos
E sinto mais mesquinhos
Os dias, farto breu.
Seduz-me outra vontade
E quanto mais me invade,
Dos sonhos vou alheio,
O passo que pudesse
Trazer outra benesse,
Percebo; nunca veio...

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