1
O que penso da vida senão isto,
O amor mais desejado e mais sublime
E tendo tudo aquilo quanto estime
Nos rumos mais audazes eu persisto,
E quando te percebo nua insisto
No gozo mais audaz que me redime
Da dura realidade e me aproxime
Do verdadeiro amor e nele existo
Apenas mergulhando sem defesas
Seguindo as mais diversas correntezas
Bebendo cada gota deste orvalho
Por onde traduziste o teu prazer,
Até que possa enfim amanhecer
Trazendo o rotineiro e em vão trabalho.
2
O quanto do teu colo é meu abrigo
E traz a paz aonde eu procurava
A vida noutra face, espúria lava,
E agora em calmaria enfim prossigo,
Vestindo da ilusão sempre contigo,
Minha alma se preserva e nada agrava
O passo rumo ao tanto onde esperava
A intensa sensação que ora persigo.
Vivendo claramente esta ventura
O quanto do prazer dita a procura
E o nada do passado me entranhando,
Agora quando em ti me dessedento
Tocado pelo intenso e raro vento,
Um novo mundo eu vejo se moldando.
3
Não fecho mais meus olhos pra sonhar,
A vida estando em ti deveras é
O quanto mais desejo e tenho fé
Jamais vou deste encanto separar,
E quando mergulhara no teu mar
Sabendo as variantes da maré
Vivendo cada instante sigo até
O mundo noutra face se aflorar.
Escassas noites vagas, não mais quero
E sendo assim decerto mais sincero,
Encontro em ti total satisfação
Altares entre chamas, camas, gritos,
Momentos mais afoitos e bonitos
Gerando a mais sublime floração.
4
Quisera eternamente estar em ti,
Vivendo sem perguntas nem respostas
As horas entre gozos sendo expostas
Do quanto em tanto brilho me perdi,
Contigo na verdade eu aprendi
E sei que disto tudo também gostas
As nossas emoções sendo compostas
Do intenso fervilhar em frenesi.
Sedento e me sedando nos teus laços,
Deixando para trás velhos cansaços,
Abraços entre noites mais felizes,
E quando me entranhando no teu porto,
Meu barco na verdade em tal conforto
Enfrenta com doçura alguns deslizes.
5
Ao vê-la aqui comigo, amada minha
A sorte se mostrara em plena luz,
E quando nosso amor se reproduz
Mantendo com vigor a mesma linha,
O quanto do supremo se avizinha
Num apogeu sublime que seduz
Além do que decerto eu te propus
Uma alma se liberta, uma avezinha
Galgando os céus imensos do prazer.
E quando se percebe o bem querer
A divindade feita em gozo e brilho
Seguindo sem temores, cada passo
Nos braços de quem amo eu me desfaço
E paraíso em vida, hoje palmilho.
6
Atravessando em ti tais oceanos
Sorvendo cada gota em temporais
Desejo e com certeza quero mais,
Deixando sutilmente os desenganos,
Na cama abandonados, quedos panos,
Delírios entre ritos sensuais
Em posições decerto originais
Descrevem paraísos sobre-humanos.
E atendo ao que tu queres, e também
Deliras quando o imenso gozo vem
Numa explosão deveras fascinante,
E assim já sem pudores noite afora,
Volúpia insaciável nos devora
E volta a renovar-se a cada instante.
7
Adentro tantos rastros e procuro
Quem sabe com prazer deliciar-me
A vida se passando sem alarme
O tempo não se mostra mais escuro,
E quando nos teus mares eu perduro,
Dos fartos méis diversos alagar-me
Beleza incomparável, raro charme,
Um corpo desenhando em raro apuro,
Eflúvios da paixão em flórea senda
Na fulva cabeleira já se estenda
O quanto dos meus dias se traçara
Orgásticos delírios refletindo
Um tempo mais audaz, risonho e lindo
Edênico caminho se escancara.
8
Buscara qual oásis num deserto
Esta odalisca feita em juventude,
No quanto se mostrara em atitude
O peito agora exposto e sempre aberto,
Depois de tanto tempo não me alerto
Nem mesmo a fantasia ainda ilude
Quem sabe caminhar em plenitude
E a cada gozo intenso mais desperto
O amor que me trouxesse a redenção
Dessedentando a vida outrora em vão
Gerando esta sobeja maravilha,
Minha alma se entranhando do prazer
Gostoso de te dar e receber
Na intensa claridade que ora brilha.
9
Enlanguescida em lúbrica vontade
Teu corpo serpenteia sobre o meu,
O quanto deste intenso concedeu
A fúria que decerto nos invade,
O amor ultrapassando a realidade,
Divina fonte aonde se embebeu,
Meu corpo te procura e sendo teu
Sublime fantasia que me agrade,
Resolutos seguimos noite afora,
E quando este desejo aqui se ancora
Não mais conseguirei me libertar
E vendo-te desnuda em minha cama,
O amor sem mais limites vem e clama
Envolto pelos raios de um luar.
10
Vagando pela noite insaciável,
Tocando sem fronteiras a nudez
Na qual o nosso amor, insensatez
Encontra seu terreno mais arável,
O tempo noutro tempo imaginável
O quanto te desejos e me crês
Assim ao se encontrar o que se fez
No gozo mais feliz e incontrolável,
Recebo o teu afeto e continua
A lua sobre ti divina e nua,
Enquanto a noite em prata nos consome,
Sedento cavaleiro em noite imensa
Meu corpo no teu corpo em recompensa
Matando toda a sede e toda a fome.
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