quinta-feira, 10 de junho de 2010

36111 até 36120

1

Escrito pelas mãos
Que um dia acarinharam
E agora desamparam
Traçando apenas vãos
Os olhos sempre em nãos
Os corpos trucidaram
E os cantos se negaram,
Bebendo em vários chãos
O corte se aprofunda
A face mais imunda
Da vida se transborda
Enquanto não desisto
Adentro o mais benquisto
Vivendo sempre à borda.

2

No peito que te espera
A fonte mais audaz
Do quanto satisfaz
Ou mesmo degenera
O passo dita a fera
E nela já se traz
O olhar torpe e voraz
De quem se desespera.
Reinando sobre nós
O tempo mais atroz
E a vida mais profana,
Enquanto sorvo o nada
A sorte transtornada
Aos poucos já me dana.


3

Nas luzes que prometes
Em brilhos mais dispersos
Antevendo os meus versos
E neles não refletes
Assim num diabetes
Os cantos vão imersos
Até que se diversos
No fundo não competes.
O passo rumo ao vão
Ausente direção
Num barco sem destino,
Resumo o que pudesse
Tentando quem me desse
O amor em desatino.

4

Procuro deste amor
Além ou muito menos
Dos dias em venenos
Das noites sem temor,
E venho até propor
Momentos mais amenos
E neles os serenos
Mudando tanto a cor
Permitem a resposta
De quem já nem mais gosta
Da aposta terminal,
Assisto ao velho drama
E quando se programa
A força é desigual…

5

Jurando mansidão
Embora não se veja
Além desta sobeja
Espúria embarcação
Resumo no senão
O tanto que lateja
A morte se azuleja
E bebe a direção,
Reúno dos meus erros
Diversos vãos desterros
Errático cometa
Por onde poderia
Haver a fantasia
Sem nada que a prometa.


6

Amor que sabe quanto
Do canto poderia
Vencer em poesia
A vida em desencanto
Tentando sem espanto
Ou mesmo em ironia
O quanto se traria
Deveras sem o pranto
De quem se fez cruel
E bebe deste fel
Qual fosse mel e doce,
Por ser assim a vida
A porta sem saída,
Tão clara como fosse.

7

Querendo arrebentar
Correntes do passado,
O medo vislumbrado
Negando algum luar,
Aonde te encontrar
Ou mesmo derrotado
Vencido e maltratado
Cansado de lutar,
Quem sabe novamente
A vida se apresente
Com força ou mesmo luz,
Porém sem nada disto,
Ainda em vão insisto
Gestando amargo e pus.

8

Meu sonho no teu sonho
Embala-se decerto
E quando me deserto
Rumo novo proponho
Porquanto sei medonho
O mundo estando aberto
E nele sendo incerto
O passo em que componho
A sorte não comove
E quando não se aprove
Seara noutro brilho,
A carcomida cena
E nela me envenena
O passo quando trilho.


9

Não temo mais invernos
Tampouco os quero aqui
Do quanto me perdi
Vivendo tais infernos
E neles dias ternos
Ou mesmo em frenesi
Resultam no que vi
Buscando bens eternos.
Eu sei e não me calo
E nada de vassalo
Apenas companhia,
Resisto o quanto pude
Vivendo esta atitude
No passo em que se guia.

10


Eterna primavera
Aonde faz outono
E quando não me abono
Aquém do que se espera
A força destempera
E morto já de sono,
Medonha face clono
Gerando em mim tal fera
Pudesse acreditar
No rumo do luar
Ou tanto me esfumasse
Na senda desejada
A rota iluminada
Mostrando nova face.

Nenhum comentário: