sexta-feira, 11 de junho de 2010

36241 até 36250

1

Procuro teu caminho,
E nele me entregando
As sortes, ledo bando
O medo mais daninho
Do quanto me avizinho
Ou mesmo num desmando
Pudesse desde quando
Nos olhos outro ninho.
Resolvo desde o fato
O passo em que desato
A manta mais atroz
Do todo nada resta
Senão sorte funesta
E nesta sou algoz.

2


Mas a noite responde
O quanto perguntara
Quem vive sem ampara
E sabe desde aonde
O mundo nega a fronde
E trama em noite a escara
E tanto se escancara
Enquanto em vão se esconde,
Resumo o verso em tal demanda
E quando já desanda
A sorte noutra face
Eu vejo enfim perdida
O quanto fora vida
E agora nada grasse.

3

Nas Plêiades perdida
A messe desenhada
Na faca, numa espada
Na falta de saída,
E sendo já perdida
O quanto diz do nada
A mansa e clara estrada
E dela dividida
A porta onde se escuta
A mão deveras bruta
Renega uma abertura
E sei quanto me amarga
A sorte quando embarga
A vida em vã procura.

4

Meu peito, magoado,
Meus olhos noutra banda
O tempo já desmanda
E deixa assim do lado
Sem nexo e sem recado
O porte sem demanda
A vida se desanda
E sinto tanto enfado
No verso mais sutil
No quanto não se viu
Semente ou farto grão,
Revelo em verso e trova
O quanto não se aprova
Nem rumo ou direção.

5

O mundo gigantesco
O peso de uma estância
Aonde em discrepância
Servido em quixotesco
Cenário mais dantesco
E nele esta elegância
Aonde em discordância
O tempo é mais grotesco,
Resvalo no que fui
E tanto não me influi
Que sigo desta forma
Nem tanto nem tampouco
O quanto fora louco
Ainda não se informa.

6


Meu barco naufragando,
O tempo de viver
Agora sem prazer
Ou tanto vão e infando
Resumo no que fora
Apenas ou desisto
E quanto não sei disto
Minha alma é sofredora,
Aspiro algum momento
E sei do quanto pude
Viver a juventude
E nela me atormento
Restara dentro em mim
Um mundo já sem fim.

7

Distantes dos teus braços,
Ausente dos teus sonhos
Olhares tão medonhos
Distinguem velhos traços
Galgando vãos espaços
E neles se enfadonhos
Caminhos são tristonhos
E dias seguem lassos
Existe alguma chance
Do quanto não alcance
Nuance do vivido,
E sei se não puder
O colo da mulher
Agora em ledo olvido.

8



Na força que se emana
Do todo quando mude
A cena de atitude
E nada mais engana
Quem sabe soberana
A etérea juventude
E tendo mais saúde
Saudando quem se irmana
Na face descoberta
Na vida sem alerta
No passo rumo ao cais,
E bebo em poucas gotas
As cenas velhas rotas
Em fatos terminais.

9

Nas tempestades, és
O quanto acalentasse,
Mas quando mais desgrace
Mais vejo de viés,
Irrompem dos meus pés
Os dias onde eu trace
A sorte que esfumace
E veja sem galés,
Palpáveis dias tento
E quando bebo o vento
Atento não percebo
O verso noutro dia
E quanto poderia
Não quero ser placebo.

10


Perfume que tu tens,
Trazido pelo vento
Tramando o sofrimento
E nele sem os bens
Vagara quando vens
E busca em triste alento
O que decerto invento
Em novos, velhos gens.
Resumo o passo enquanto
Ainda me garanto
Ou tanto pude em vão,
Mergulho no vazio
E assim cedo recrio
Do todo a decisão.

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