quarta-feira, 9 de junho de 2010

35981 até 35990

1

Eu pudesse te encontrar
Nas veredas, nos caminhos,
Mas em tempos tão mesquinhos
Persistindo num vagar
Sem saber de algum lugar
Muito além de tais espinhos
Entrelaces e carinhos,
Tanto pude desejar.
Quando a sorte é soberana,
Porém tudo nos engana
O meu cais fica distante,
Vejo além deste horizonte
Onde amor ainda aponte
Esta ponte fascinante.


2

Se ninguém escuta a voz
Deste ledo coração
Procurando desde então
Um caminho mais veloz
Onde possa em novos nós
Traçar rumo e direção
Enfrentando o mundo vão
E decerto mais atroz,
Novamente me embebendo
Deste canto e percebendo
Novo tempo que virá,
Já restando neste canto,
Noutro tanto se me encanto
Encontrando desde já.


3

Meu ouvido rente ao chão
Esperando esta chegada
Tanta vez anunciada
Noutras tramas no verão,
Mas agora não virão
As manhãs, morta alvorada
Minha vida destroçada
Busca nova direção,
Se não vens, azar o teu,
O meu mundo se escondeu
Nas neblinas, porém sol
Renascendo novamente
Noutra face se apresente
Dominando este arrebol.


4


Meu amor servido à mesa
De quem tanto quis outrora
Sem saber já de demora
E não vendo a correnteza
Onde sonho ser a presa
Quando amor enfim devora
A saudade assim descora
Renegando uma leveza.
Sigo alheio em noite fria
E se tanto mais queria
Nada quero neste instante
O mergulho noutro colo,
Sem terror, temor ou dolo,
Deve ser mais fascinante.

5

Longe mesmo do que um dia
Eu pensara poder ter
Nas searas do querer
Outra face em alegria,
No que tange à fantasia
Nada mais eu posso ver
E se tento amanhecer
Não conheço esta utopia.
Mas se insisto e se consigo
Bem diverso do castigo
Que prometes; ilusões.
Nos meus ermos continuo
E se em vão mesmo flutuo
Libertárias direções.


6

Quando ouvindo muito além
Do que possa mesmo crer
Nas sementes do prazer
Eu concebo o teu desdém,
Recebendo e sei que tem
Outro olhar a perceber
O que possa acontecer
Não concebo novo bem,
Mas se tanto não me queres
Sei dos sonhos se puderes
E decerto não me ilude
O viver em claridade,
Tão sofrível falsidade
Desvario em juventude.


7


Não pudesse acreditar
Nas searas mais atrozes
Quando ouvira novas vozes
E decerto a desvendar
Outros raios de um luar
Onde possa sem algozes
Nem deveras inda poses
Neste falso desenhar
Bebo em gotas privilégio
Deste sonho agora régio
De um momento além do cais,
E se tanto me sonega
Esta vida quase cega
Vejo em sonhos muito mais.

8

Se partisse do princípio
De que tanto desejara
Muito além da sorte rara
Ou deveras já dissipe-o
Caminhar em noite escura
Entre tantas fantasias
E se quando negarias
A minha alma te procura
Nas searas mais audazes
Ou nos ermos do passado,
Sendo assim tão maltratado
Neste pouco que me trazes
Bases outras, novo sonho
Onde em luzes me proponho.


9


Caçador das ilusões
Onde nada se mostrasse
E teimando em tal impasse
Novos dias sem verões
Ou dispersas emoções
Porém tudo já não grasse
E se mostra em turva face
O que agora não repões
Caminhando finalmente
Novo tanto se apresente
Neste pouco que restara,
A semente em solo agreste
Da maneira que me deste
Nunca mais em mim brotara.


10


Poderia na velhice
Ter ao menos ilusão?
Eu bem sei que este senão
Quando a vida contradisse
Refletindo esta mesmice
Nelas olhos não verão
Horizonte em precisão,
Sendo amor mera tolice,
Arco mesmo com meus erros
E condeno-me aos desterros
Entre sendas mais sutis,
Do que tanto desejei
Noutra face, noutra grei
O teu sonho nunca quis.

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