sexta-feira, 11 de junho de 2010

36181 até 36190

1

Quem dera se eu pudesse
Vencer os meus anseios
E sem ter mais rodeios
No quanto se escurece
O peito se envilece
E busca novos meios
Em tantos devaneios
O quanto já merece
Além do cais distante
Ou mesmo se garante
Na curva do caminho,
Porquanto sigo só
No todo viro pó
E sigo assim, daninho.

2

De toda uma delícia
Aonde nada resta
O porto já não presta
Tampouco dá notícia
Partindo da carícia
Ao todo que se empresta
No mundo feito em festa
Olhando com malícia
O corpo da mulher
Que é tudo o quanto quer
A fonte da loucura,
Depois vem a verdade
E vejo o quanto brade
Em mim farta amargura.

3

Além de toda forma
No fundo sem a teia
O quanto me incendeia
E nunca me transforma
No pouco já deforma
E quando adentra a veia
Vivendo sempre à meia
O cais vive em reforma,
O beijo mais audaz
O corte quando traz
Apenas tal ferida
Gestada pelo vão
Meu mundo sem verão
Ao longe segue a vida.

4

É mais, cada vez mais,
O todo quanto pude
Viver sem atitude
E crer nos terminais
Caminhos onde os tais
Saberes; não me ilude
O corpo em juventude
Ou mesmo os germinais.
Desastres vindo à tona
O quanto se abandona
Do tempo que se via
E nado em águas turvas
Meus olhos seguem curvas
Morrendo a cada dia.

5

As rédeas não me prendem,
Tampouco me sossegam
No quanto já navegam
Ou mesmo além se estendem
Os corpos dos que tendem
Ao vândalo, trafegam
E quando se renegam
Jamais nem mais entendem
Os passos rumo ao vago
E neste tanto afago
O corte que produzo,
Apático, portanto,
No pouco quando canto
Encontro um raro abuso.

6

As asas libertárias
De quem se fez poeta
No nada se completa
E beija fontes várias,
Esqueço as procelárias
E vejo esta incompleta
Noção do que diz seta
Horas imaginárias
E nelas não resolvo
Enquanto viro polvo
E tento te abraçar
Tentáculos diversos
Usando assim meus versos
Perdido em pleno mar.

7

Verdades, não consigo
Nem mesmo que inda tente
Porquanto descontente
Não quero um falso abrigo,
Rasgando o velho umbigo
Passado impertinente
E agora se apresente
O mundo que persigo,
Versando sobre o fato
Se eu tento e me resgato
Dos velhos temporais
Velhusco companheiro
Esgota-se em cinzeiro
Em dias tão iguais.

8

Nesta explosão que trama
Quem drama faz e teima
Assim a cada queima
Olhando para a chama,
Amor é guloseima
E nele quando em drama
O peso se proclama
E vira tira-teima.
Escuto a voz do quando
No tempo se mudando
Inverno se aproxima,
Assim no pasto enquanto
O verso em que me espanto
Procura a paz em rima.

9

Bom dia minha cara,
Coincidentemente
A vida não se mente
Nem mesmo se declara
O quanto se prepara
Ao nada que apresente
Então jamais invente
A vida não ampara.
Ocasos que carrego
Adentrando meu ego
E cego sem sentido,
Apátrida vontade
Porquanto ainda agrade
Redunda na libido.

10

Amiga, eu aprendi
Os ermos desta estrada
Por vezes isolada
Ou quanto chega a ti
Transforma o que perdi
Na vaga madrugada
Procura uma alvorada
Guinada feita aqui
Nas ondas deste mar
Nas velhas cordilheiras
Histórias corriqueiras
De quem tentando amar
Marulhos e marés
Não sabe nem quem és.

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