sexta-feira, 11 de junho de 2010

36161 até 36170

1

Muito ao contrário; salva
Quem tanto malmequer
E nada mais se quer
Nem mesmo ver numa alva
Manhã que sem ressalva
Pudesse ser qualquer
Além desta sequer
Aonde a vida é calva,
Não pude ser certeza
Nem quero ser a presa
Na mesa oferecida,
Assim não posso mais
Saber dos desiguais
Caminhos desta vida.

2

Pudesse colibri
Ou tanto bem querer
Nas ânsias do prazer
Deveras me perdi
E sei que pressenti
No tempo sem se ver
O quanto te perder
Traria o mundo em ti,
Agora sendo assim
O peso em farto em vim
Buscar após a queda
No tanto quanto pude
Viver a juventude
E nada mais me enreda.

3

A boca omite enquanto
Em beijos e mentiras
No tanto que me atiras
Agitas e garanto
Revelo beco e pranto
Nas falhas destas tiras
E rezo quando expiras
O prazo em que adianto
O manto mais sagrado
O dia consagrado
O rosto dita o templo
E nada mais se vendo
Tampouco se querendo
Enquanto eu te contemplo.


4

Das terras velhos pães
E tanto nada veja
O todo se azuleja
Sêmen de tantos cães
Buscara naves mães
E nelas se lampeja
Ou mesmo na alma andeja
Ingleses e alemães
As guerras do passado
A porta em cadeado
Encadeados sonhos,
Resultam na promessa
Aonde se tropeça
Em passos mais bisonhos.

5

Concreto dita a viga
A porta não se emperra
A sorte quando enterra
E tanto desobriga
O rosto pede briga
No peso que descerra
Adentro céu e serra
No corte que persiga,
O bando não acorda
E quando ferrenha horda
Em hostes, hastes, astros
Bebendo com vigor
Assim cada licor
Perdendo passos, lastros.

6

Barateando a vida
Desbaratando o passo
No todo que inda traço
Metade sendo urdida
Do cão cada mordida
No tempo velho e lasso
O rosto, cada traço
Traduz a dor sentida,
E sendo sempre em vão
Adentro este porão
Das ânsias e dos medos,
O dia não reflete
Nem templo nem confete
Em carnais motes, ledos.

7

Parábolas descrevo
Enquanto nada vindo
O tanto quanto brindo
Mudara quando escrevo
O ser ou não longevo
Num passo duro ou lindo,
O gozo estando e findo
Sei se não posso ou devo,
O parto anunciado
O gozo demorado
O prado se florira
Na porta da verdade
O corte em tempestade
Ou vento em vã mentira.

8

Eu amo cada passo
Por onde deixas rastros
E sendo teus meus lastros
Aonde nada faço
E sei quanto do espaço
Adentram velhos astros
E tendo em ti os mastros
Caminho sempre eu traço
Beirando cada abismo
Gerando o cataclismo
Cismando num remanso
Enquanto do que posso
Ou mesmo sou destroço
Só sei que ao fim me canso.

9

Barris em barricadas
Banais entre os meus medos
Os olhos nos enredos
As mãos abençoadas
Mentiras disfarçadas
Laçadas entre os dedos,
Ouvisse dias ledos
Trariam paliçadas
Em eriçadas peles
Ao quanto me compeles
Entranhas fogos riscos,
Os mansos não se cansam
Enquanto não avançam
Os olhares ariscos.

10

Antigo guerrilheiro
Neófito poeta
O pasto me repleta,
Mas sei quando me inteiro
No parto corriqueiro
Nas mãos Cupido e seta
No prazo se completa
O dia derradeiro,
Erguendo quando brinde
O tanto que deslinde
Ou ando para trás,
Resumo o meu pavio
Na fonte se esvazio
O canto que me traz.

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