sexta-feira, 11 de junho de 2010

36221 até 36230

1

Aurora boreal,
Momento em divindade
Aonde tanto agrade
Num sonho sem igual
Após o vendaval
A dor de uma saudade
O corte que degrade
O torpe ritual,
Vagando em tez sombria
Procuro noutro dia
O quanto pude ter
E sei que nada existe
Seguindo sempre triste
Em raro desprazer.


2

És fonte de ilusão,
E sei que sendo assim
O quanto resta em mim
Transforma em negação
Antiga solução
A paz que busco enfim,
A morte dita o fim
E nela se verão
Apenas os meus restos
E sendo tão funestos
Os versos que ora faço
Deixando para trás
O quanto ainda traz
Da vida qualquer passo.

3

Amanhecer sonoro,
Em pássaros e sonhos
Os dias mais bisonhos
Num tempo onde canoro
O quanto não mais posso
Nem mesmo que quisesse
Portanto quanto esquece
O passo outrora nosso
Agora se perfaz
Nas mãos de um novo alguém
E tudo não contém
Nem sombra desta paz
Por onde tanto quis
Um dia ser feliz.

4

A vida sem te ter
Um manto destruído
Um canto sem ruído
O tempo sem prazer,
Mas quando posso ver
Além deste puído
Caminho decidido
Nas ânsias do querer
Eu penso noutro tempo
E venço o contratempo
Adentro esta esperança
E quanto mais audaz
O dia nada traz
E ao vago enfim me lança.

5

É rio que derrama
Inunda qualquer margem
Buscasse nova aragem
Repito o velho drama
E quanto alguém me chama,
Dourando tal paisagem
Permito esta viagem
Além da antiga trama,
Resumo o mais que pude
E tento outra atitude
Montanhas vejo além,
Mas sei que na verdade
O quanto ainda invade
O nada enfim retém.

6

A vida não será
O que já tanto eu quis
E em vaga cicatriz
Eu sinto não trará
Sequer o que me encante
E quanto mais se vê
A lua sem por que
No ausente e bom levante,
Resisto e tento a luz
Perpetuando a sina
De quem já se alucina
E ao nada se conduz,
Resido no que tanto
Vivera em fardo e pranto.

7

O mundo não trará
Sequer a liberdade
E quanto mais degrade
Eu sinto desde já
O sol não brilhará
Somente a tempestade
No tanto que se brade
O vento aqui ou lá.
Apenas perseguindo
Um dia bem mais lindo
Ou mesmo algum remanso,
Depois de tantos anos
Envolto em desenganos
Nem sombra disto alcanço.


8

És sábia, disso sei
E nada mais pergunto
Mudando o velho assunto
Adentro nova grei
E tanto poderia
Vencer os meus tormentos
Enquanto sem proventos
A vida em heresia
Não muda um só segundo
Traçando o mais vulgar
Caminho a se mostrar
E nele vagabundo
O corte dita a regra
E tudo desintegra.

9

As mãos derramam tapas
Os olhos tais venenos
Aonde quis pequenos
Os rios tu me escapas
E segues novas sendas
Vasculhas o passado
O todo sonegado
Ainda não estendas
Nas mãos ou no sorriso
O fato de sonhar,
Quem sabe navegar
Encontra este preciso
Ancoradouro em paz,
E sabe-se capaz.

10

Amor que desconheces
Caminhos logo após
O tempo mais atroz
Diverso destas preces
Aonde queres messes
O rito é mais feroz
O beijo deste algoz
E nele também teces
Acentos e palavras
Vergonhas em que lavras
A cota em precisão,
Não pude discernir
Sequer o meu porvir,
Mudando a direção.

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