quinta-feira, 10 de junho de 2010

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1



Lamber a minha boca, que indefesa
Não cansa de beijar a tua enquanto
A vida se transforma e a cada canto
O todo se transborda em correnteza,
Sentido a cada instante esta leveza
A dor que me tomara enfim espanto,
E quanto me percebo e me agiganto
Embora na verdade seja a presa,
Eu sinto a liberdade em que me prendo,
Da algema deste amor, um estupendo
Caminho em flores feito para o quando,
Negando estes espinhos. São lendários?
Desejos de desejos são corsários
E a cada nova noite saqueando.



2

Sentimentos que mostras e que vêm
Tomando sem perguntas toda a senda
E quanto mais assim o amor desvenda
A face radiosa deste alguém
Outrora simplesmente em vão desdém
E agora que encontrara quem me entenda
Percebo: ser feliz é mais que lenda
No quanto este desejo sempre vem
Domando cada passo rumo ao tanto
Em versos mais sutis, portanto eu canto
E bebo cada gota desta fonte
Até que novamente a vida trame
A sorte desnudada em raro enxame,
E nele a solução; bem sei, se aponte.


3


O vento nos tocando
A sorte se mostrara
Além de imensa e rara
O tempo sendo brando
O dia transformando
Assim já se declara
O quanto nos ampara
Caminho desvendando
No corpo desejado
Na boca entre promessas
E quando recomeças
Adentro cada prado
E sorvo desta mina
No amor que me domina.

4

Recebo esta mensagem
No tanto quanto pude
Embora a juventude
Não passe da viagem
Mutante tal paisagem
Diversa esta atitude
E nela não se ilude,
Derruba-se a barragem,
Abordo o meu passado
E vejo disfarçado
O olhar da antiga fera,
Medonha e tão atroz
Agora viva em nós
Além do que se espera.


5

Jogado pelas ruas
Entregue ao que inda possa
Embora seja nossa
A farsa aonde atuas
E nela continuas
Bem mais do que se endossa
A vida gera a troça
Matando velhas luas.
O porto se expirando
O tempo se negando
Desgastes costumeiros
De quem se busca além
Do todo ou já não tem
Sequer fontes, ribeiros.

6

Jamais eu poderia
Pensar se a vida trama
Além do quanto em drama
Sonega a fantasia
Amor? Uma utopia
Alheio a qualquer chama,
O quanto me reclama
Também não serviria.
Sangrando pelos dedos,
Os olhos seguem ledos
Enredos mais diversos
E assim ao nada ter
Acrescento o prazer
Que resta em fazer versos.

7


O quanto eu deveria
Contar a quem pudesse
Total já não merece
Nem mesmo a parceria,
O verso não seria
A forma de benesse
Na qual o tempo esquece
E meça novo dia,
Farturas? Não mais creio
O mundo perde o veio
E alheio sigo até
Sangrar sem ter limites
Ou mesmo se acredites,
Não mais me importa a fé.

8

A noite me envolvendo
Nas tramas, teias, trevas
E quando além me levas
O todo irei revendo,
Restando ou merecendo
Os ritos, velhas cevas
E nelas quando nevas
Negando um dividendo
Permite a solidão
E nela se verão
Apenas velhos traços,
Os caminhares fartos
Agora noutros quartos
Deixando os velhos lassos.

9

Atônito pudera
Saber do vário vinho
E quando me avizinho
Da noite em vaga fera,
Resumo o que se dera
Na face doutro ninho
E sei que sou sozinho
Sem casa e sem tapera,
O passo não se dando
O quanto sonegando
Transforma a minha vida
E tento em labirinto
O tempo estando extinto
Alguma sobrevida.


10

As mãos já tão cansadas
Das tardes de verão
Buscando a solução
E nelas as estadas
Por onde as alvoradas
Transformam mutação
No quadro mesmo em vão
E neles destroçadas
Imagens superpostas
No quanto não mais gostas
Tampouco eu gostaria,
Assim ao me entranhar
Nas ânsias do teu mar,
Esqueço a fantasia.

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