sábado, 12 de junho de 2010

36331 até 36340

1

Desfeita a liberdade
Que um dia poderia
Trazer em alforria
A imensa claridade
E agora esta saudade
Aonde não havia
Resiste em agonia
Embora desagrade,
Assisto à derrocada
E quando vejo o nada
Apenas e me teço
Nestes teares vagos,
Dos sonhos, mansos lagos,
Nem sei mais endereço.

2


No peito o frio vago
O tempo não foi bom,
O quanto deste dom
Distante não afago
E quando assim me alago
Na falta deste tom,
O mundo noutro som
Em turbulências trago,
E tento alguma chance
Por onde quer que avance,
Somente este vazio.
O tanto que te amara
Ausente esta seara,
A morte, eu desafio.

3


Aguardo calmamente
Um dia onde talvez
O quanto se desfez
Refeito em minha mente
Pudesse plenamente
Ainda em sensatez
Gerar o que não vês
De mim, de ti, se ausente.
Partindo do princípio
Do quanto em particípio
Meu mundo se mostrou
Quem sabe no futuro
O todo que procuro
Transcenda ao que hoje sou.

4

Chicotes vão lanhando
Os sonhos de quem tanto
Pensara noutro canto
E nele se mostrando
Um dia desde quando
Ainda vibro e espanto
A dor, vago quebranto
Embora vergastando,
O vento do passado
Rondando esta janela
O nada se revela
E o quarto desolado
No inverno em tom sombrio,
Ausência dita o fria.

5

Na luz dos meus amores
Buscando alguma paz
E nada mais se traz
Somente os amargores
Da vida sem as flores
Do quanto se é capaz
E nada além se faz
O céu perdendo as cores,
Mortalha se tecendo
Aonde outrora vendo
O sol de uma esperança,
A vida segue alheia
E quando me incendeia
Ao nada; ela se lança.


6


Quem dera minha sorte
Pudesse ser diversa
E quando se dispersa
Trazendo sem suporte
Apenas frio e corte,
No quanto se é perversa
Ainda mesmo versa
Sem ter sequer um norte,
Vasculho dentro em mim
E vendo assim meu fim,
Não posso imaginar
A luz que inda pudera
Apascentar a fera,
Distante do luar.

7

Quem dera meu destino
Não fosse em desalento
E quando ainda eu tento
Embora não domino
O passo cristalino
Na luz do pensamento
Vencendo o sofrimento,
Apenas desatino,
E perco qualquer rumo,
E assim eu me resumo
Na imensidão do nada,
O peso do viver
Sem paz e sem prazer
Uma alma já cansada.

8

O peso desta vida,
As costas em vergastas
Enquanto tu te afastas
Aumenta-se a ferida,
E quando fosse urdida
Além das horas gastas
E nelas já te bastas
Sem ter qualquer saída.
A lua se nublando
O dia outrora brando
Agora não se vê
Reveste-me a tristeza
E quando sem destreza
A vida é sem por que.

9

Queria só saber
Se existe alguma chance
Do dia que se avance
Em ti viver prazer,
Nas ânsias do querer
Na luta em vão romance,
Apenas num nuance
O todo eu posso ver,
Restando dentro em mim
A dor que não tem fim,
O medo em persistência
Regendo passo a passo
O tanto agora escasso
A vida impaciência.

10

Apostas que já fiz
Nas tramas da ilusão
Embora em emoção
Ainda fui feliz,
No fundo a cicatriz
Em trágico verão
Os dias mostrarão
Bem mais do quanto eu quis.
Vencido e desolado,
Apenas sigo ao lado
E nada me contenta,
Assim a vida passa
E o quanto de fumaça
Agora é vã tormenta.

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