quarta-feira, 9 de junho de 2010

35971 até 35980

1

Pudesse te tocar, desnuda diva
E ter teu corpo unido ao meu agora,
O quanto da vontade me devora
Enquanto a fantasia me cativa
E beijo a tua imagem sempre viva
E quando novamente em mim se aflora
A força incomparável onde ancora
Saveiro da esperança e nada priva.
Resisto o quanto posso, mas mergulho
Nas sendas mais audazes e vasculho
Delírios entre tantas sendas raras,
E quando me entranhando em ti me embebo
Deste rocio em gozo que recebo
E nele teus prazeres escancaras.

2

Delírios entre noites mais audazes,
Palavras e vontades consoantes,
Por quanto ainda queres e agigantes
Momentos delicados quando trazes
Nos olhos os momentos tão tenazes
Deixando noites claras fascinantes
E nelas outras tantas me adiantes
A vida se mostrando além das frases
E sonhos tão somente, com tal fúria
A noite se passando sem lamúria
Na insensatez sublime e fabulosa
Do quanto se querendo muito mais,
Vislumbro em cenas raras sensuais
O amor quando deveras doma e goza.

3

A pele arrepiada, o toque manso
Carícias e carinhos se trocando,
O dia se promete bem mais brando
Enquanto o Paraíso agora alcanço
E quando sem fronteiras teimo e avanço
Um quadro mais sutil se desenhando
E nele novamente mergulhando
Tramando neste gozo algum remanso.
De toda esta beleza em tom suave
O amor ao se mostrar qual fosse nave
Levando para além em siderais
Caminhos desenhados pelo quanto
Deste desejo imenso quero e canto,
Sabendo que eu te quero muito mais.

4

Inesquecível noite se anuncia
Nas tramas em delírios e lençóis
Enquanto vejo em luas claros sóis
Bebendo em madrugada intenso dia,
O amor deveras toma a fantasia
E entranha nos meus olhos tais faróis
Os sonhos te procuram, girassóis
Qual fosse a mais incrível ardentia.
Resido em cada instante em que tu vens
E sorvo inesgotáveis, raros bens
Adentro templos feitos em prazer,
E quando mergulhando sem defesa,
Seguindo sem pensar a correnteza
Até que surja ao longe o alvorecer.

5


Pudesse acreditar nas mãos do amor
Que tanto nos conduz e nos maltrata
A face da ilusão demais ingrata
Moldando com ternura a turva cor,
No quanto tenho e busco te propor
Nos laços dos desejos, a vida ata,
Porém este vazio já retrata
O quanto se bebera em dissabor.
Após te perceber de mim alheia
A lua em brumas tantas se rodeia
E o caos se aproximando neste céu,
Galopa sem destino, o pensamento
E quando me percebo e mesmo tento
Ausente dos meus olhos, meu corcel.


6


Pudesse em teus fascínios discernir
A plena maravilha deste amor,
Mas nada do que eu possa te propor
Trará qualquer anseio no porvir,
Um pária se perdendo sem sentir
Senão as mesmas faces deste horror
Aonde se embebera em medo e dor,
Sangria a cada instante pressentir,
No olhar ausente e tosco de quem ama,
E sabe tão distante a velha trama
Mesquinhos dias, morte se aproxima,
E quando mergulhando em tal abismo
Porquanto sem destino teimo e sismo,
Sem nada que deveras me redima.

7

O quanto poderia ser feliz
Quem sonha com momentos, simplesmente
Enquanto a vida aos poucos me desmente
Negando cada instante que já quis,
O corte se aproxima da raiz
E o vento em tempestades inclemente
Riscando o meu caminho plenamente
Cevando a cada ausência a cicatriz.
O parto se transforma em mero aborto
O quanto se ausentando qualquer porto
Um barco que deveras à deriva
Não tendo mais saída naufragando
O dia noutra face se nublando
Minha alma tão somente sobreviva.


8


O amor não poderia ser assim,
Riscando dos meus dias a alegria
E quantas vezes bebo esta utopia
Sabendo desta história viva em mim,
Preparo finalmente para o fim
E bebo desta espúria fantasia
E quando outro momento se recria
Percebo este vazio de onde vim
E retornando ao nada, sou capaz
De acreditar ao menos numa paz
Gerada pela morte salvadora,
E quantas vezes luto e não se vê
Da vida mais talvez qualquer por que
Diverso do que um dia em sonhos fora.

9

Sem prazos, nem momentos, morte eu vejo
E sei que a redenção passa por isto,
E quando no final teimo e desisto,
Apenas entregando-me ao desejo
Do quanto poderia e nunca almejo
E sei que na verdade se inda existo
Ou mesmo contra a fúria em dor resisto
Mortalha se tecendo já sem pejo.
Das várias estações, o duro inverno
Prepara o meu caminho para o inferno
E sinto-me tomado pelo fogo
Cansado de lutar inutilmente,
O quanto do vazio se apresente
Jamais pressentiria qualquer rogo.

10

Eternamente em mim vivo a penumbra
E beijo esta mortal face sombria
E quantas vezes mesmo poderia
Viver o que deveras nos alumbra,
Porém apenas nada se vislumbra
Marcando com temor o dia a dia,
Assim nefasta nasce a poesia
E nela esta mortalha se deslumbra,
Resquícios de uma vida inconseqüente
E agora que o final já se apresente
Mergulho nos abismos que criara
Agonizando apenas, nada mais,
Os dias rotineiros são iguais
Minha alma perpetua a chaga, a escara.

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