27358
“Que seja o mal e o bem matiz da vida”
E desta forma a sorte se lançando
Num ar tempestuoso ou mesmo brando
Enquanto traz o ungüento diz ferida.
Assim nesta diversa variedade
Vê-se tanta alegria quão tristeza
Da mansidão imensa correnteza
Do sim ao não total diversidade,
O todo se moldando desta forma
A cada novo dia chuva e sol,
E nesta discrepância no arrebol,
Decerto se transmuda e se transforma.
Diferenças profundas ou sutis
Assim do bem, do mal, vário matiz.
27359
“É lei da Natureza, lei da Sorte,”
A que permite a glória em abissais
Caminhos divergentes; demonstrais
Em vossos dias vejo vário Norte
Portanto em tais momentos divergentes
Angústias em sorrisos, sóis e luas
As almas demonstrando em cores cruas
Felizes ou quem sabe; penitentes.
Assim nesta suprem maravilha
Desfeita e recomposta a cada instante
Lapida-se deveras diamante
Vulgar cristal também decerto brilha.
As sendas percorridas sendo assim,
O início para alguns traduz o fim.
27360
“Travam-se gosto e dor; sossego e lida”
No mesmo vão momento, sombra e luz,
Ao nada ou ao tanto nos conduz
A estrada que pensaras já perdida.
O quanto se fazendo do tão pouco,
O mundo perpetua dor e riso,
Assim inferno e limbo ou paraíso,
Enquanto já me curo, me treslouco.
Assisto ao mais perfeito ou tanto inglório
E sei que do talvez possa vir nada,
Ou tudo se fazendo desta estada
Diverso estoque traz o vivo empório.
Mesquinhas noites dizem dias bons,
Mudando a cada instante, ritos, tons.
27361
“Este intervalo da existência à morte”
Permite que se veja e sinta tanta
Felicidade e dor enquanto encanta
Na imensidade plena nos comporte
Traçando assim real dicotomia
Versando sobre tudo em pouco tempo
Deveras alegria e contratempo
Mudanças onde tanto se porfia.
Gerando esta fantástica emoção
Do ser e do jamais alcançarei
Matizes diferentes, mesma grei
Transcorrem na diversa direção.
Aonde sendo cais, ida e partida,
Ao mesmo tempo encontro e despedida.
27362
“Que variedade inclui esta medida”
Da sorte muitas vezes traiçoeira
E quando se pensando muda inteira
A sanha que pensara-se perdida.
Por vezes nosso rumo se transmuda
E sendo assim deveras mais fugaz,
Ao mesmo tempo o medo, angústia e a paz,
O quão se faz enorme ou tão miúda.
Estradas nos levando ao mesmo fim,
Percalços entre espinhos, pedras, urzes
E ledos caminhares traçam luzes,
Demônio se transforma em querubim.
Bendizes ou maldizes uma sorte
Que tanto desagrade quão conforte.
27363
“Para que nosso orgulho as asas corte”
A vida nos prepara uma surpresa
Enquanto em tão diversa sobremesa
Por vezes o sorriso dita a morte.
Caladas noites, dias desumanos,
Hedônicos caminhos quando orgásticos
Deveras muitas vezes são sarcásticos
Mudando a todo instante velhos planos.
Riquezas e misérias costumeiras,
Matizes em prismáticos desníveis,
Momentos muitas vezes aprazíveis
Espinhos traduzindo estas roseiras.
Assíduas variantes de um delírio
Trazendo mil prazeres num martírio.
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