quarta-feira, 24 de março de 2010

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“Silenciosa, imprecisa, etérea taça”
Aonde dessedento o meu desejo,
Do quanto que ainda quero sempre vejo
Amor ao me inundar, nunca desfaça

O rumo aonde a vida agora traça
A sorte muito além de algum lampejo,
Vivendo sem temor a cada ensejo,
Azulejando o céu sem mais fumaça.

O beijo sedutor de quem se deu,
Num mundo mavioso teu e meu,
Fantástica emoção já nos domina,

Não deixe que se seque de repente
O quanto em luz se toca e se pressente,
Divina e soberana, rara mina...


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“como a bruma que vai na aragem presa . . .”
Seguindo cada rastro aonde fores,
Percebo a cada passo, belas flores,
O amor se preparando em tal surpresa,

A sorte delicada traz certeza
De dias mais sobejos, sedutores,
Delírios de dois seres sonhadores,
Traçando um novo mundo em tal beleza.

Aonde se pudesse ser feliz,
Viver com mais paixão tudo o que quis
Aflora-se em meu peito esta vontade

Que tanto em domina e me sacia,
Trazendo a cada sonho a poesia
Divina soberana que ora invade.


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“Cabelo em sombra, olhar ausente, passa”
Distante do que outrora fora um sonho,
E quando me vislumbro em ar medonho,
Destino tão diverso a vida traça.

Ao vê-la, rara estrela sobre a praça
Momento mais fantástico e risonho,
Porém na solidão sigo tristonho,
E tudo neste instante já se embaça.

Restando ao sonhador o nada ter,
E quanto mais distante do prazer
Maior a solidão que assim encaro

Vivesse novamente uma ilusão,
Porém tantas tristezas se farão
Num céu que outrora quis brilhante e claro.


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“Qualquer coisa infinita... Amor... Pureza...”
Qualquer que seja o sonho, nada além
Do quanto a poesia em si contém
Deveras mostrará tal Natureza,

A glória se perdendo na incerteza,
O medo se aproxima e sem ninguém,
Vivendo da esperança muito aquém,
Aonde se escondeu vital beleza?

Minha alma segue em vão, caminhos tortos,
Distante do que fossem cais e portos,
Os dias seguirão mais solitários.

E tudo se transforma em pó, poeira
A sorte se mostrando traiçoeira,
Domina em ar sombrio meus fadários...


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“Leve... - Pluma . . . Surdina... Aroma... Graça...”
Indomáveis meus dias sem os ter.
E quando em ti percebo o bem querer,
A sorte noutro rumo já se traça,

Sentindo este perfume quando passa
Aquela que domina todo o ser,
Encontro nos teus olhos o prazer,
E o vento mansamente vem e abraça

Tocando a minha pele, doce brisa
O amor ao se mostrar chegando avisa
Do quanto poderei felicidade.

E tendo em teu olhar, estrela guia,
Minha alma neste instante fantasia
Paixão sem ter defesas, tudo invade!

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