quinta-feira, 25 de março de 2010

27503/4/5/6

27503


“Que nasce das adorações serenas”
O amor enquanto em nós força motriz
Dizendo na verdade o que mais quis
Além do que deveras tu serenas,

As ânsias de um desejo sendo plenas
Nem mesmo o próprio tempo contradiz,
A sorte se esvaindo e a cicatriz
Da qual e pela qual tanto envenenas

Marcada a ferro e fogo dentro da alma,
E nela se percebe enquanto acalma
A dor de ser do sonho adorador,

Viver sem ter somente este caminho
No qual e pelo qual tanto em aninho
Por ser assim somente um sonhador...


27504

“Que nasce das imperfeições. O encanto”
Das mais sublimes noites, ou vazias
E quando noutra sorte tu porfias
Mudando num momento o que ora canto.

A sorte se mostrando em turvo manto,
As horas muitas vezes bem mais frias,
Matando o que deveras fantasias
Cevando tão somente algum quebranto,

Esgarçam-se palavras no não ser
E tendo nos meus olhos desprazer
Amanhecendo em mim triste alvorada,

Depois do quão queria nada vindo,
O tempo de sonhar agora findo
Não deixa sobrar nada sobre nada.

27505

“Que grandeza... a evasão total do pejo”
Mudando o que pensara mais venal,
E agora se percebe cais e nau
Traçando outro caminho no qual vejo

A solução deveras desejada
Há tanto por mais altos sonhadores,
E sigo por destino aonde fores
Trazendo ao coração suave estrada.

Mergulho num abismo feito em luzes
E nele me proponho outra saída,
Diversa da que tanto decidida
Em versos mais comuns tu reproduzes.

Excêntricos luares, noite mansa
E agora uma esperança em vão me alcança...

27506


“A realidade é simples, e isto apenas”
Permite que se creia noutra senda
Aonde a minha sorte se desvenda
Em noites sossegadas e serenas
Pudesse navegar contra as marés
Ouvindo a tua voz suave e mansa,
O coração deveras se esperança
E rompe quaisquer medos e galés.
Viver sem ter perguntas simplesmente
Ultrapassando assim qualquer limite
Além do que talvez não se credite
E mesmo quando o tempo nos desmente,
Transformo velha dor em poesias
Enquanto em belos sonhos tu me guias...


27507


“Também mais nada, só te olhar, enquanto”
Caminhas pela casa seminua
Minha alma em sonhos tantos continua
Tomando esta beleza como manto.

E nada do que fora se repete
A vida se renova e mesmo assim,
No amor sendo princípio, meio e fim,
Felicidade enorme nos compete.

Raiando em luzes fartas, coração,
Numa alvorada feita em raro brilho,
As sendas mais douradas ora trilho
Sabendo dos momentos que virão

Traçando assim um claro amanhecer
Envolto pelas sanhas do prazer...

Nenhum comentário: