27526
“Desenha o sol na página deserta”
E muda num instante a escuridão
Trazendo ao sonhador, raro verão,
Mantendo a porta agora sempre aberta.
Descrevo com audácia cada passo
De quem se fez amante nada mais,
Paisagens percebidas, magistrais,
Aonde um claro amor, dourado, traço.
Viver este tesouro e todo dia
Vencer os meus temores mais mordazes
Enquanto tal clarão ainda trazes
A sorte se moldando, fantasia
Momento divinal onde desvendo
O amor que desejei, tão estupendo...
27527
“Verde!... E que leves, lindas filigranas”
Trazendo ao meu olhar uma esperança
E nela toda a sorte já se lança
Diversa da que em sonhos vis profanas,
Os tempos se transformam, poesia
Já não traduzem mais toda a beleza,
Agora no futuro esta incerteza
Que o vento do passado desafia,
Mergulho no infinito e posso ver
Diversas maravilhas, brilhos tantos,
E neles com certeza seus encantos,
Moldados pelos braços do prazer.
Mas quando vejo a luz já se esvaindo,
O mundo entre neblinas diluindo...
27528
“Minha caneta é cor das venezianas”
E dita esta esperança em verdes tons,
Momentos que pensara em outros sons
Palavras se perdendo, são ciganas...
Alvissareiro encanto do traçado
Há tanto em luzes fartas, tanto brilho,
E agora o coração deste andarilho
Revive cada angústia do passado
E bebe desta fonte imorredoura
E nela se recria com vigor
Trazendo esverdeada e rara cor,
Que tanto me esperança quanto doura.
A sorte se bendiz em cada verso,
Mudando num momento este universo.
27529
“Escrevo diante da janela aberta”
Observando o clarão de um belo sol,
Que tanto já domina este arrebol
Enquanto uma tristeza se deserta,
Mergulho no oceano feito em glória
E cada nova luz trazendo a fonte
Do sonho que deveras já desponte
Mudando a velha senda merencória.
Agora não mais creio no vazio,
E traço com meu verso um novo tempo,
Ausente dos meus olhos contratempo,
O quanto fui feliz beijo e recrio.
Talvez seja somente um ledo sonho,
Mas nele toda a força agora eu ponho...
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