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“Passa. . . - É um morrer de lírios. . . Olhos quase”
Embrutecidos miram o jardim,
Matando o que restara dentro em mim,
Ainda quando a sorte se defase,
Percebo quão cruel e fútil fase
O amor sem ter o sonho chega ao fim,
Jogado pelos cantos, vivo assim,
Por mais que uma ilusão ainda abrase.
O sonho se desfeito é pesadelo
E quando toda noite posso vê-lo
Não tendo mais saída, vou ao nada
E aonde se pensara mais feliz,
Destino num momento contradiz
Minha alma segue agora, abandonada...
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“Fluído... Poesia... Névoa... Flor... Beleza...”
O sonho se transcorre em véu macio,
E quando cada luz em ti, desfio
Percebo quão sobeja a natureza,
E sigo sem temor a correnteza,
Vagando sem destino em belo rio,
O quanto se percebe deste estio,
Gerando dentro em nós rara clareza.
Perpetuando a sorte de te ter
E nela me entranhando este prazer
Que há tanto procurara, sem sucesso,
E quando a cada noite vejo em ti
O amor que desejei e conheci,
A sanha rumo ao éter recomeço.
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“Não se diz... Não se exprime... Não se traça. .”
Apenas tão somente ora se vive,
O quanto do passado já contive
Agora se transforma em vã fumaça
E tudo, com certeza sempre passa,
Apenas a querência sobrevive
Revendo cada instante que já tive
Deixando para trás a luz escassa.
Vivendo sem temores este amor,
E nele o meu futuro recompor
Sem medos, sem terrores, num mergulho,
Caminho que seguimos vida afora
Em rara claridade se decora,
Não tendo nem espinho ou pedregulho...
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“em que adormece o luar... Delicadeza...”
Nas noites tão sublimes, maviosas,
Canteiros entre belas, raras rosas,
Tomados pelas ânsias da beleza.
E quando deste amor tanta certeza
Bebendo destas fontes fabulosas
Enquanto do meu lado sei que gozas
A sorte se mostrando com presteza.
Viver e ter nas mãos nosso futuro,
É tudo o que mais quero, e assim procuro
Alvissareiras horas junto a ti,
Mergulho no oceano de nós dois
Sem medo do amanhã, nem do depois,
No Paraíso enfim, que descobri...
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