quarta-feira, 24 de março de 2010

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13

“Depois que a uma colina me cercara,”
Das tantas ilusões já percorridas
Deveras entre estrelas esquecidas
A sorte se tornando bem mais rara,
Assim a minha história ora se aclara
E vejo quão diversas tantas vidas
Num tempo tão exíguo; já vividas
Por mais que uma esperança surja clara,
Audazes os caminhos de quem tanto
Buscara pelo menos um encanto
Em meio aos temporais mais corriqueiros
Assim também se vê o quão audaz
O passo quando a sorte se desfaz
Matando em aridez nossos canteiros.


14
“Onde ia o vale escuro terminando,”
A vida se perdendo em tantas trevas
Enquanto este terror agora cevas
O todo que eu sonhara se espalhando
E sinto cada parte em frialdade
Deixando-me levar pelo vazio,
Ainda alguma paz teimo e desfio
Ao mesmo tempo o medo já me invade
Recebo em desalento o meu futuro
A morte se prepara atocaiada,
Do quanto imaginara o mesmo nada
Tornando o dia a dia mais escuro,
Pudesse respirar, ao menos isso,
O mundo não seria movediço...


15

“Que pavor tão profundo me causara”
Saber o quanto em nada se transforma
A vida sonegando qualquer norma
Vagando sem destino e não declara
Senão este vazio que me toma,
Aonde imaginara outrora em paz,
Agora tão somente mais mordaz
Impede na verdade qualquer soma.
Vencido e sem saber se poderia
Viver uma alegria que não trago,
A morte me deforma e sem afago
Nem tenho mais sequer a fantasia
E corro contra o tempo, sigo alheio
Ao mundo que deveras mais receio.

16


“Ao alto olhei, e já, de luz banhando,”
Pensara em ter a paz que não consigo,
Vivendo tão somente em desabrigo
O teto dos meus sonhos desabando
Aonde se pensara num instante
Mais límpido, em trevas vejo a rota
O barco se perdendo desta frota
A sorte se transforma, e é tão mutante.
Perdendo a direção não tenho mais
Senão este vazio dentro em mim
Percebo quão dorido o mundo e assim
Exposto aos mais terríveis vendavais
Jamais imaginei poder saber
De alguma forma ao menos de prazer.

17


“Vi-lhe estar às espaldas o planeta,”
Vagando pelo espaço sideral
Alheio ao que se fez em bem ou mal,
A sorte se mostrando qual cometa
E nela sem ter paz prossigo em vão
Sabendo desta ausência, nada levo,
E quando sigo ausente ainda cevo
Somente uma daninha e perco o grão
Do quanto imaginara poder ter
Sentido qualquer voz que me alentasse,
A vida se mostrando em tal impasse
Derrota desta forma o amanhecer
E morto, sigo em luzes discrepantes
Enquanto em dores várias te adiantes.

18


“Que, certo, em toda parte vai guiando”
Inertes dissabores, sorte e azar,
O quanto não se pode cultivar
Tampouco se sabendo tanto e quando,
Ao menos qualquer dia inda pudesse
Vencer os meus terríveis desenganos,
Momentos que ainda fossem soberanos,
Tornando mais possível qualquer messe.
Mas tudo não passando do vazio
Que agora nestes versos eu declaro,
O mundo se mostrara em desamparo,
E o tempo, mesmo só, eu desafio.
Mortalhas concebidas pela sorte
Traçando em vagas cores, rumo e Norte.

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