sábado, 27 de março de 2010

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Algozes tempestades ditam sortes
E trazem o terror a cada olhar
Atrozes madrugadas sem luar
Não deixam que deveras me confortes,
Aonde se concebem velhos cortes
Não posso e nem consigo imaginar
Na ausência do que fora o tanto amar,
Apenas vencerão se forem fortes
As tramas de uma vida sedentária
Na ausência de uma luz que poderia
Trazer ao coração a fantasia,
Que tanto se transborda em cor tão vária,
Mergulho no vazio e sinto assim,
O amor chegando mesmo a um triste fim...


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Não deixe que se possa finalmente
Traçar outro caminho que não esse,
A sorte muitas vezes se oferece
E dela me percebo mais descrente,
E quando a realidade se pressente
E nela toda a redenção da prece,
O medo pouco a pouco se esvaece
E todo o meu caminho dita urgente
Vontade de seguir felicidade
E ter além do medo que ora invade
Certeza de um momento feito em paz,
A angústia pouco a pouco toma conta
A solução final já não se aponta,
A vida a cada dia mais mordaz...


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A vida a cada dia mais mordaz
Não deixa qualquer sombra de ilusão
Apenas dissabores mostrarão
O quanto desejara feito em paz,
Nem mesmo o sonho ainda satisfaz
Quem sabe quanto a vida corre em vão
Mortalha talvez seja a solução
Tornando a realidade mais tenaz.
Assumo cada passo dado em falso,
Preparo com certeza o cadafalso
E nele mergulhando um pouco mais,
Sabendo da constância dos engodos,
Caminhos entre pedras; sei-os todos
Comuns no dia a dia, os temporais...

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A sórdida presença de quem tanto
Um dia se fizera em luz sombria,
Enquanto noutro rumo fantasia
Uma alma feita em dor e desencanto,
Rolando dos meus olhos farto pranto,
Meu peito se entregando em agonia,
Aonde a sorte em paz o amor urdia,
Somente a solidão em turvo manto.
Agora não consigo mais prever
Se ainda poderei no amanhecer
Saber do sol que um dia nos dourava,
Invés da calmaria de costume,
Minha alma a cada passo mais se esfume
Tomada num momento pela lava...

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