quarta-feira, 24 de março de 2010

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“Não me hão-de ouvir agora os mesmos, bem o sei,”
E quando se aproxima o fim da leda história
Apenas o vazio ainda na memória
Domina o que talvez em vão imaginei.

Soubesse deste nada ao qual já me destino
Pudesse ver na luz além de fosco brilho
O mundo aonde insano, eu teimo e mesmo trilho,
Vivendo desde já um tempo mais divino.

O gozo do vazio, a sombra do não ser,
O tempo se escoando em mãos toscas e vãs,
Eu creio que jamais verei novas manhãs
E tento alguma sorte, ao menos um prazer,

Percorro este infinito e nada se percebe,
Somente a solidão tornando inútil sebe...


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“horas de oiro, e também... como elas se escoaram”
E não mais vejo além da imensa cicatriz
Marcada em minha pele e nela se maldiz
As sortes mais sutis nas quais já se moldaram

Caminhos para o fim aonde não se vê
Nem mesmo alguma luz e tento ainda em vão
Saber dos vendavais o rumo e a direção,
E quanto mais procuro ausente algum por que.

O caos se desenhando em cores mais terríveis,
Podando cada sonho e nele se constrói
Apenas o vazio, o medo me corrói
E deixa para trás os sonhos mais plausíveis.

Mesquinha noite entranho em luzes mais sombrias
E quando me percebo, ao fim sei que me guias.

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“Cá ’stão os bons d’outrora, entes que já gozaram”
De toda a sorte imensa em glória sempre feita
E quando em tanto sonho algum enfim deleita
Sondando o meu futuro estrelas que guiaram

Momentos mais sutis e neles vejo o brilho
Do coração audaz aonde se mostrara
A vida mais feliz, deveras sendo clara
Caminho de ilusões, por onde ainda trilho.

Percebo nova aurora a cada amanhecer
Envolta em azulejo e tendo imenso sol,
Uma esperança trago e nela o meu farol
Podendo finalmente em paz se perceber

O que já fora outrora um ato mais sutil,
E agora em noite rara o amor se pressentiu.


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“de novo o mesmo sois. Já renascer me sinto”
Em vossas emoções eu sei o quão dorido
O mundo mais atroz, e nele percebido
O quanto se pensara outrora ainda extinto.

Mas tudo não passando ao menos de esperança
A voz se silencia e o vago se reflete
No tanto que ora vejo e não mais me compete,
Sabendo quanto dói o medo aonde alcança

A sorte majestosa, e nela contradigo
O rumo mais audaz, aonde se fez nada,
Deixando para trás imensa madrugada
Do vento mais cruel, terrível tal castigo.

E sendo-vos; querida, amigo e ora vos tenho
Com todo este carinho e nele meu empenho...

20


“torna a dor a doer. Oh vida! oh labirinto!”
Aonde já percebo ausente uma saída,
E nela se traduz o que se fez em vida,
E agora tão somente o fim que assim pressinto.

A par desta ilusão eu sigo em contratempos
Vencido sem lutar, jamais conseguiria
Mostrar num ato insano alguma fantasia,
Que sei e não consinto em tantos frágeis tempos.

Mudando a direção do que se fez em ventos
Mortalha do passado ainda viva em mim,
Matando o que pensara em luzes e jardim,
Tornando mais cruéis, enfim meus pensamentos.

Bebendo o dissabor do nada que se vê
Deveras inda vivo, apenas sem por que.

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“volve o amor, a amizade, e reassumem vida;”
As sortes do passado aonde em contraluz
O quanto se percebe e nada reproduz
Por mais que ainda tente a morte tudo acida.

Eu bebo do vazio e nele esta semente
Traduz no meu canteiro o quanto desejara
E o todo se transcende e torna a sorte rara,
Enquanto a realidade aos poucos trai e mente.

Visceral loucura, insânia mais completa
E nela o que talvez ainda se pudesse
Mudando num instante ouvindo noutra prece
O quadro que sombrio a glória já deleta.

Espinhos usuais nos velhos caminhares
Deixando em triste cor, os mais belos altares...

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