sábado, 27 de março de 2010

27634/35/36/37/38/39/40

27634


“e, disperso por toda a natureza,”
Seguira no passado vária fonte,
Mutáveis os caminhos no horizonte
Assim como inconstante a correnteza,
Percebo quão inútil prosseguir
Se solitário tenho cada passo,
E quando; algum momento inda desfaço,
Percebo bem mais árduo meu porvir.
Tocando o teu caminho eu me encontrei
E assim ao prosseguirmos pareados,
Sentidos muitas vezes aguçados,
Geramos dentre em nós a nossa lei,
Jamais se percebendo algum dissídio,
Revendo a cada dia o mesmo vídeo.

27635

“sonhas na minha lânguida tristeza”
Assim como também sonho deveras
Quando te devoram velhas feras,
Gerando muitas vezes a incerteza.
Partícipes da vida em sombras, luzes,
Descreves o que somos num só ato,
E quando noutras vezes me retrato,
É por seguir aonde me conduzes,
Estrelas de uma só constelação
O brilho parecido diz da fonte
Que traça tanta luz neste horizonte
Deixando para trás a escuridão.
Vivemos cada dia em paz, portanto,
Compartilhando sempre o mesmo canto.


27636

“Estás em cada reza do meu culto,”
Estás em cada passo rumo ao sol,
Teus olhos me servindo de farol,
A vida se passando sem tumulto,
O quanto te querer me faz tão bem
O quanto me quereres propicia
Raiar de uma sobeja fantasia,
Enquanto belos dias; sinto, vêm.
Perceba então o quanto e necessário
Compartilhamos dores e segredos,
Assim como também prazeres medos,
As roupas se guardando mesmo armário.
E o tempo de viver é que divide
A solidez que amor, quer e decide.


27637


“dissolve em luar a treva em que me oculto”
Gerando esta alegria feita em prata
Enquanto dominando me arrebata,
Traçando com clareza um belo vulto
Daquela que se fez a companheira
Mesquinharias mortas, luz estável
Terreno com certeza mais arável
Não há outro caminho que se queira,
Somente o que vivemos e decerto
Não posso renegar o passo claro
E quando tanto amor penso e declaro,
Deixando este portal do sonho aberto,
Alvissareiras luzes no amanhã,
Ao dividirmos sempre o mesmo afã.

27638


“e vejo que uma auréola de beleza”
Assumimos estrada tão igual,
O rito que se faz consensual
Permite que se tenha esta certeza
Do dia após o dia em claridade,
Deixando qualquer bruma no passado,
O sonho enternecido desfrutado
Enquanto a voz de um sonho em paz já brade.
Acasos entre ocasos, noites, trevas,
O barco enfrenta em paz os temporais,
Sabendo da certeza deste cais,
Seguro porto ao qual tu sempre levas
A nau que tantas vezes eu pensara
Que em momentos diversos naufragara.

27639


“sou ferido de atônita surpresa”
Ao caminhar em meio aos espinheiros,
E neles os destinos verdadeiros
Dos quais sou com certeza frágil presa.
Buscando alguma paz ou lenitivo
Que possa sossegar uma alma aflita
A sorte a sorte se conflita
E tudo o que pensara não mais vivo.
Mas tendo a tua imagem lado a lado,
O corte cicatriza, uma alma aquieta
Vivendo esta certeza tão dileta
O canto se mostrando abençoado
Vencendo os meus anseios, dissabores,
Seguindo cada passo aonde fores.

27640

“Ante o deslumbramento do teu vulto,”
Não pude e nem pretendo outro caminho,
Aonde outrora fora mais sozinho,
O coração menino doma o adulto
E sabe das delícias deste amor,
E nele se transforma em plena luz,
Especular beleza reproduz
Gerando dentro em nós mais bela flor.
O peso do viver, se dividido
Tornando-se deveras bem mais leve,
Minha alma sem juízo já se atreve
Envolta pelas ânsias da libido,
Cumprido cada etapa, dia a dia,
Vivendo o que pensara fantasia...

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