quinta-feira, 25 de março de 2010

27495/96/97

27495

“o que a de natureza corrosiva”
Diversa da que dita uma esperança
Ainda quando ao vago ela se lança
Persiste tão somente, sobreviva.

E quando desta sorte ela se priva
Perfaz com o passado uma aliança
Buscando algum momento em temperança
Dos sonhos mais audazes já se criva.

Em solilóquio vago muitas vezes,
E quando se percebem, dias, meses
Reveses tão comuns me tornam brando.

Escalo estas terríveis cordilheiras
E mesmo que talvez não mais me queiras
Caminho pouco a pouco se avançando.

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“tornam amor humor, e vago e brando”
O sentimento díspar que ora trago
Se nele vejo às vezes um afago,
O quanto se transforma em nunca ou quando.

Havendo discrepâncias: sim e não,
Caminhos para o mesmo fim; concebo.
E quanta maravilha diz placebo
Em nova e variada direção.

Pudesse ter no olhar uma certeza
E não escalaria falsas torres,
E tento se talvez já me socorres

Vencer a mais complexa correnteza.
Assim num infinito ser/não ser
Aonde se escondeu o meu prazer?

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“e, esquecendo a lição que já se esquiva,’
Por vezes entrelaço cores tantas
E quando noutras sanhas desencantas
A face se moldando mais altiva.
Eletrizando os dias com talvez
Tecendo o nada quando se queria,
O peso do passado em fantasia
Diverso do que agora ainda vês.
Escarpas e montanhas, cordilheiras,
Tormentas e tempestas, já não quero,
Onde se mostrasse mesmo fero
As sortes não seriam verdadeiras,
Assim num ir e vir quase constante
Percebo o passo em falso, vacilante...

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