sexta-feira, 26 de março de 2010

27599/600/601

27599

“Brilhasse o sol que importa? Ou fosse o luar já morto?
Talvez inda pudesse ou não acreditar
Jogado sobre mim um raio a me tocar
E nele com certeza a mansidão de um porto

Não percebo o dia ou noite, o que me importa?
Somente por saber do raio que me invade
E ter bem mais exata a rara claridade
Sabendo desde sempre aberta a minha porta,

E dela ouvir a voz que pode ser do vento
Clamando por alguém há tanto já não visto,
Mas quando isto eu percebo eu sinto que inda existo
E neste fato traço enfim suave alento.

Deixando a escuridão aonde perfilara
A minha sorte outrora agora bem mais clara...



27600

“Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira”
Já não me importa mais saber se existirá
Caminho diferente ou mesmo me trará
O que uma esperança ainda teima e queira,

Vencendo o meu temor de ser tão solitário
Percebo ter no olhar um brilho mais audaz,
E quando esta esperança um novo sol me traz
Deixando no passado o quanto temerário

Vestir uma ilusão e ter nela a certeza
De um momento a mais em luzes tão serenas
Por mais que ainda diste e nisto me envenenas
A sorte transmudando assim a correnteza

Trará felicidade e novo amanhecer,
Mal importando o dia, apenas o prazer...


27601

“Ou sábado sem luz, domingo sem conforto,”
A vida transmitira apenas dor e mágoa,
Mas quando se percebe o mar e já deságua
Transformando assim, o antigo e velho porto

Eu poderei viver quem sabe esta esperança
E nela recriar a luz que já se fora
Deveras noutra luz agora redentora
Aonde o coração sem medo ora se lança

Gerando novo brilho e nele se mostrar
Etérea maravilha aonde possa crer
Possível novo tempo e nele perceber
Que novamente a noite explode-se em luar,

E tendo a cada verso um canto mais fecundo,
Nas tramas do universo em paz eu me aprofundo...

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