terça-feira, 23 de março de 2010

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“Virgem do passo humano e do machado”
Florestas dentro da alma mais ferozes,
Jamais ouvindo enfim dos sonhos vozes,
Amor há tanto tempo abandonado.
Vivendo sem saber sequer ternura,
O corte se prepara a cada instante,
E o que pudera ser mais deslumbrante
Transforma qualquer brilho na loucura
Que doma e não permite a caminhada
Daquele que se fez um eremita,
A sorte se transforma na desdita,
Jamais reconhecendo uma alvorada,
A negritude imensa do arrebol,
Impede o brilho farto de algum sol.


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“Como a floresta secular, sombria,”
Minha alma se perdendo em turvas águas
Trazendo tão somente frias mágoas
Do que vivera outrora em fantasia.
Não tendo com certeza a boa sorte
Que tanto desejara quem sonhava,
Apenas nos meus olhos, fogo e lava,
Seguindo cada passo sem suporte.
Pressinto assim o fim do sonho e então
Depois da tempestade sem bonança
Restando algum resquício de esperança,
Quem sabe novos dias me trarão
Após o sofrimento e o desprazer,
O sol num belo e claro amanhecer!

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