domingo, 11 de abril de 2010

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29461

“quer algumas com outras apartadas”
As vontades maiores que inda trago
Vencido a cada passo, busco afago
Vagando sem destino por estradas
Diversas do que tanto poderia
Saber quem se entregou além do todo,
E mesmo que se vê ao fim o lodo
A vida ainda rege em harmonia,
Não creio nas estranhas tempestades
Tampouco temo tantos vendavais
Singrando mares busco sempre o cais
Por mais que ainda teimes e degrades
Os olhos no horizonte, o peito aberto,
O rumo do vazio ora deserto...


29462


“ou tecendo essas telas delicadas,”
Permito-me vagar por tais anseios
E vejo mais distantes os receios
E deles se percebem as escadas
Que possam me levar ao mais superno
Momento em que se vê tanta beleza
Seguindo com ternura a correnteza
O quanto do prazer assim interno
Não tento mais negar o que se vê
Exposto a cada dia e sempre mais,
Não temo nem sequer os vendavais
A vida passa a ter em vós, por que.
Assim não poderia ter tormento
Quem tanto em vosso braço, eu me apascento.

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“quer estejais lavrando embevecidas”
Searas onde a sorte se porfia
E quanto se permite a fantasia
Gerindo com ternura nossas vidas
Não deixo percebido outro momento
E quando me entregando a cada instante
Percebo um novo mundo deslumbrante
E nele tantas vezes eu me alento,
Seguisse cada passo rumo ao tanto
E tendo-vos senhora dos meus sonhos
Os dias com certeza mais risonhos
Gerados pela luz de um raro encanto
Ausente dos meus olhos a quimera,
O amor que pelo amor, amores gera.


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“e em colunatas de cristal sustidas,”
As bases de um momento mais feliz
E quando novamente a sorte diz
Do quanto poderiam nossas vidas,
Existem nos meus olhos inda vivos
Os dias que vivemos no passado,
O quanto deste amor tomando o prado,
Tornando nossos sonhos mais cativos
E tanto quanto posso desvendar
Em vossos passos dias cristalinos,
Os cantos e as ternuras, os destinos
Rondando a cada noite outro luar,
O passo rumo ao éter permitindo
Um tempo mais suave; amor infindo.

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“de reluzentes pedras fabricadas”
Lapidam-se os desejos mais audazes
E quando amor se traz em novas fases
Vontades entre brilhos desvendadas,
Assiduamente busco algum momento
Aonde eu possa crer noutra delícia
E tendo a cada sonho outra notícia
Do amor no qual decerto me apascento,
Assisto assim à farta e rara messe
Enquanto em tais benesses eu porfio,
O amor que se fizera um desafio
Agora a cada dia mais se tece,
E esqueço as desventuras mais cruéis,
Dois corpos nestes mesmos carretéis.


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“contentes habitais vossas moradas”
As ânsias mais audazes e ferozes,
Do amor ao escutar sublimes vozes
Percebem-se complexas alvoradas
No albor expresso o encanto que fascina
E determina o passo de quem tanto
Vivendo com ternura e sem quebranto
Descobre da emoção a farta mina,
Imensamente belo este porvir
Que em vós eu descobri, cara senhora
O quanto em tanta luz se revigora
Amor que noutro amor vi refletir
Especular beleza insuperável,
Num tempo mais que tudo, desejável.


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“Belas ninfas, que, na água submergidas,”
Traduzem a beleza que em vós tenho,
O amor que tanto traça raro empenho
Nas ânsias procuradas, pois ungidas
Descrevo com meus versos o que eu sinto,
Risonho caminhar em noite clara,
Inesgotável sorte se declara
Deixando o sofrimento quase extinto
E sendo-vos deveras mais amigo
O quanto em vós encontro nada trama
Senão a fantasia que ora clama
E dela só por ela eu já persigo
Benesse de um encanto sem final,
No amor que é nosso fim e ritual.

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