domingo, 11 de abril de 2010

29403/04/05/06/07/08/09

29403

“em vez de o último dos condenados”
Eu me senti contigo, o filho pródigo
O amor que tanto mostra em raro código
Os erros tantas vezes perdoados,
Sacrílego fantasma, um verme apenas
Nadando sobre os mares sempre espúrios
Os antros conhecidos, os perjúrios
As noites em terríveis duras cenas
Nefando caminheiro que entre trevas
Um bandoleiro açoda algum passante
A morte nos meus olhos, todo instante
As esperanças mortas, frias levas,
E tudo em ti amada, com perdão
Mostrando inda possível redenção.

29404


“e parece que Deus entrou aqui,”
Gerando novo tempo a quem se fez
Na completa e louca insensatez
As rédeas deste mundo eu já perdi,
Morrendo a cada dia em luz inglória
Nefasto camarada em tantas hordas
E quando penetrara a casa pobre
A sorte neste instante me recobre
E como fosse um porto enfim me acordas
E vejo ser possível novo tempo
E vejo mais plausível meu caminho
Em flórea maravilha, morto o espinho
Vencendo com ternura o contratempo.
Quem sabe renascendo neste instante
Quem fora tão somente degradante...

29405


“E chora e treme como fala e ri,”
Aquela que trazendo a plena paz
Mostrou do quanto o amor inda é capaz
E dele se percebe tudo aqui
A morte em vida agora ressuscita
Quem tanto se perdera em falsa estrada
A sorte agora viva e desbravada
Moldando nova senda mais bonita,
Searas que tampouco percebera
Com doce mansidão, agora eu vejo
E tendo apascentado o vil desejo
A noite com luar se concebera
E bebo a fantasia do perdão
Sabendo renovada a direção.

29406


“rendendo graças, diz:"Meu filho!", e chora”
Quem tanto eu magoei e sem sentido
Deixara simplesmente em tolo olvido
E há tanto desta casa fora embora
Vagando pelas pútridas searas
Matando, seduzindo e da extorsão
Fazendo da desgraça a profissão
Gargalha-se ao terror noites amaras
E delas entre tantas heresias
Forrando com escárnio cada passo,
A morte como símbolo nos olhos
Revive a cada instante mil abrolhos
Enquanto o corte e a dor, sorrindo traço,
Um corvo, um rapineiro, fria gralha
Chacal que entre chacais sempre retalha...


29407


“e, me envolvendo num milhão de abraços,”
Ao ver minha chegada a mãe tão pobre
O quanto do cadáver se recobre
Gerando novamente firmes laços
E deles se permite algum alento
E deste alento vejo novo rumo
Caricatura em vida, agora esfumo
E sinto a mansidão, da brisa e o vento
Tocando a minha face me permite
Acreditar no amor sincero e puro,
O quanto do que eu fora já depuro
E tudo se transforma sem limite
Viver a plenitude, finalmente
No amor que me protege e me apascente...


29408


“Minha mãe se levanta abrindo os braços”
Trazendo este conforto necessário,
O amor que tanto busca este cenário
Aonde possa ter mais firmes traços
Gestando esta esperança que se aflora
Gerindo cada passo rumo ao tanto
Moldando este momento raro e santo
A vida com ternura se demora
E tudo o que vivera noutras eras
Marcadas por terríveis tatuagens
Agora ao perceber belas paisagens
Do inverno vê surgirem primaveras,
Materna sensação domando então
A fera desumana, no perdão...

29409

“a cadeira rangeu; é tarde agora”
O quanto poderia imaginar
A fúria ou mesmo nada a me esperar
O medo tão somente me devora
Ancora o pensamento noutro porto
E vendo o que talvez não queira ver,
Aonde esperaria o desprazer
Recepção deste verme semimorto
Percebo este sorriso e lacrimejas
Nas ânsias de um amor incomparável
Cenário muito além do imaginável
Em belas maravilhas tão sobejas.
E tendo esta certeza dentro em mim,
O amor supera tudo, pois, enfim!

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