segunda-feira, 29 de março de 2010

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27902


“Fonte de repulsões e de prazeres,”
A vida se transforma intensamente
No quanto se percebe mais premente
Determinado tempo para os seres,
Do quanto se aproveita cada dia
Permite que se tenha a qualidade
Ou não, e aproveitar tal liberdade
Traduz o que deveras se historia
Felicidade é fato momentâneo
Assim como a tristeza também passa,
Esvai-se de repente qual fumaça
Volátil caminhar tão instantâneo,
Saber singrar o mar em meio aos ventos
Variações de risos, sofrimentos.

27903


“Quimiotaxia, ondulação aérea,”
Somando nossos atos e caminhos,
O quanto somos mesmo tão sozinhos
E nunca dominamos a matéria
Que segue por si só, doença e medo,
Alheia ao quanto quero ou não desejo,
No nada ao nada é tudo que prevejo,
E assim se perpetrando o meu enredo,
A cada novo dia, sol ou bruma,
Reflexos do que ocorre dentro em mim,
Sabendo do começo, aonde é o fim?
Aos poucos o que sou somente esfuma
Ondulações do tempo, pendular,
Diversas do que pude imaginar.


27904


“Raio X, magnetismo misterioso,”
Olhares que adivinham o futuro,
Ciganos sonhos, ritos tão obscuros
Assim se caminhando em dor e gozo.
Astrólogos, tarôs, búzios; mentiras,
Somente fuga e medo do que vem,
E quando se percebe se é ninguém
A morte nos reparte em várias tiras,
Apenas dos destroços novo ser
E dele noutra forma, eternizando
O quanto que vivemos, desfrutando
De uma tristeza imensa e do prazer
Só sei que nada sei e isso me basta,
Imagem do futuro? Já tão gasta.

27905


“Será calor, causa ubíqua de gozo,”
Onipresente esterco do futuro,
O quanto se mergulha em luz e escuro,
Deveras nos permite um fabuloso
Delírio feito em vida, mas ao fundo
Se vê que nada somos e amanhã
Noutra figura opaca, frágil, vã
Enquanto me ofereço e já me inundo
Da pútrida emoção da minha morte,
Na descarnada imagem do que sou,
Ossatura deveras demonstrou
Idêntico caminho, mesma sorte,
E desta realidade sem ter fuga,
Espelho coletando cada ruga.


27906


“Da energia intra-atômica liberta”
Raiando imensamente força e luz,
O quanto da verdade reproduz
Enquanto a vida aos poucos me deserta.
Adentrar os segredos; prosseguir
Teimando contra o meu imaginário
O rio encontrará seu estuário,
É tudo o que conheço do porvir,
Do imenso mar chamado mesmo vida,
As águas retornando após momentos,
E neles alegrias e tormentos,
Aonde ocorre encontro diz partida,
Na cíclica existência nosso Norte
Condena-se ao nascer e após à morte.




27907


“Nas esterizações indefiníveis”
Organizando a vida em formas tais
Que parecendo antigos rituais,
Deveras conhecidos e plausíveis
Refaz-se em Nitrogênio o quanto é vida
Carbônica existência, nada além,
Do quanto a natureza em si contém
História previsível, conhecida,
Orgânica matéria decomposta
Gerando outra matéria, em novo ser,
No quanto isso possa parecer
Estranho se a verdade assim exposta
Traduz realidade; e a fantasia
Por conta de quem mitos, lendas; cria.


27908

“Todos os agregados perecíveis,”
Redundarão em vida após a morte,
Assim se tendo aos olhos nosso norte,
Eternidade em outros frágeis níveis
Não passa de ilusão, sonho egoísta
De quem não se conforma em ser apenas
A peça de engrenagens. Julgam plenas
Por mais que a realidade mostre a pista.
Estúpida e fanática ilusão
Gerando discordância e nada mais,
Aonde se prevê os eternais
Caminhos; só teremos podridão.
Vivemos dos cadáveres e um dia,
Seremos como os tais, uma iguaria.

27909



“Dessa estranguladora lei que aperta”
Vislumbro nada além do simples fato
Do quanto se pensara em desacato
Verdade há tanto tempo se acoberta,
Durante gerações não se podia
Falar abertamente de outra forma,
História refletindo nos informa
O quanto se vivera em fantasia,
Fanáticos em ritos mais heréticos
Matando quem deveras discordasse
Não podendo aceitar tal podre face
Tomada pelos vãos e tolos céticos.
Evolução se faz acidental,
Principio, meio e fim: é natural.

27910


“Mas ele viverá, rotos os liames”
Em nova forma, é claro, e tomará
O rumo bem diverso do que já
Tivera; são assim os tais ditames
Da vida eternizada sobre a Terra,
Em átomos, moléculas somente,
Refeita noutro grão, noutra semente,
História se repete e não se encerra,
Vagando por instantes, somos tanto
Quanto o mais imbecil dos seres, pois
Será o que teremos no depois,
Porquanto ainda trague o desencanto
Insofismavelmente eis a verdade,
Transformação exige que degrade.

27911


“Tal a finalidade dos estames”
Atar o que já fora e o que virá,
Assim a eternidade se fará
Por mais que outros caminhos inda trames,
Decerto tu verás a luz do sol,
Após a tua morte, eu te garanto
Diversa forma, cobre o velho manto,
E tudo continua no arrebol,
Do homem muitas vezes poderoso,
Um verme tão somente uma bactéria,
Assim no renovar de uma matéria,
O rei se mostra um pária, um andrajoso,
E assim ao perceber tua nudez
Aonde se esconder tanta altivez?

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