sexta-feira, 2 de abril de 2010

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28440


“Tremulavam nos telhados”
Ventanias, vendavais
Em cenários divinais
Os momentos já traçados
Dias velhos, novos cantos
Dias novos, velhas tramas
E deveras quando chamas
Espantando estes quebrantos
Libertário não se cansa
Leva sempre o peito aberto
O caminho não deserto
No vergel de uma esperança
Volta e meia sem destino,
Caminheiro, eu me fascino.


28441


“Deixando um rastro de lágrimas”
Pelas ruas da cidade
Encontrando a liberdade
Mal importam tantas lástimas
Cerzindo esta roupa rota
Rotas novas prometidas
Nem que fosse em sete vidas
Minha história se amarrota
Riscos corro, mas se tendo
Qualquer coisa pela frente
Tempo frio, terra quente
Importando o dividendo
Se não faço nada trilho
Mas prossigo, um andarilho.

28442


“Deixando um rastro de sangue”
Onde um dia se pensava
Noutro senso que não lava
Nem tampouco lama ou mangue
Perecendo o medo enquanto
Tanto posso quanto devo
Se deveras vou longevo
Já não temo mais quebranto
Sinto o vento do futuro
Bebo a chama do passado
Num momento dito o fado
Nele mesmo me procuro
Toco a lua no vergel
Cavaleiro ganha o céu.

28443

“até às altas varandas”
Os degraus diversos vejo
Vão ditando o meu desejo
Novos dias e desandas
Sendo assim somente assim
Sem temor seguindo o rastro
Coração tenaz me alastro
Tomo todo o teu jardim
E cevando cada grão
E cevando com furor
A certeza de um amor
Maltratando o coração
Que cigano sem paragem
Admirando esta paisagem.



28444

“Já sobem os dois compadres”
Por espaços mais distantes
Nos olhares tão brilhantes
Esperanças são confrades
Vivem liberdade apenas
Os ciganos cavaleiros
Os momentos costumeiros
Sem temores, medos, penas
Viva encanto a cada dia
Sob a lua; decididos
Os destinos são cumpridos
A certeza não se adia
E o longínquo coração
Dita sempre a direção.

28445

“por onde retumba a água.”
Já se ausenta algum temor
Nova senda a se compor
Onde o tempo não deságua
Fráguas novas, novos dias
Cavaleiro bebe a lua
Sua história continua
Emergindo em fantasias
Filhos; tem com claridade
São deveras adotivos
Todos mortos, todos vivos
Na certeza que mais brade
Luta sempre soberana
Alma livre se é cigana.

28446

“Corrimões verdes da lua”
Do vergel tomando pleno
Onde vejo o mais sereno
Minha sina logo atua
Caricata fortaleza
Sendo vaga nada traz
E o caminho mais audaz
Duvidando da certeza
Mel envolve cada teia
Tecelã desta esperança
Que decerto em aliança
Penetrando sangue e veia
Logo ateia fogaréu,
Ganha terra, invade o céu.

28447

“até às verdes varandas”
Onde vive uma esperança
Meu olhar nunca se cansa
Dança mundos e cirandas
E desvenda com sutil
Caminhada pelo prado
Onde outrora diz passado
Onde a lua é mais gentil,
Sendo assim somando tanto
Quanto pode quando quer,
Desafio se vier
Não provoca mais espanto,
Polvilhando farta prata
A beleza me arrebata.

28448


“deixai-me subir, deixai-me”
Nada segura o cigano
Nem tampouco o desengano
Se dos males já livrai-me
Vendo o corte cicatriza
Vendo o porte nada teme,
Nem sequer ainda algeme
Dominando fúria e brisa
Quanto mais em tempestade
Bem mais firme o pastoreio
O luar se for bem cheio
Desta prata que me invade
Floreando este vergel,
Galopando o meu corcel.

28449

“até às altas varandas;”
Aonde não poderia
Ser nem noite tarde ou dia
Quanto queres e desmandas
Sendo assim; assim será
Desde sempre com certeza
Num verdejo a natureza
Traduzindo aqui ou lá
O que sei ser verde rama
O que sinto dentro em mim
Verdejando meu jardim,
Verde sonho já me chama
Nada temo, pois cigano,
Aventura a qualquer plano.

28450


“Deixai-me subir ao menos”
Onde poderia ver
O luar amanhecer
Em momentos mais serenos
Espalhando pelo céu
O meu canto, sou liberto
Se meu rumo não deserto,
Vou cumprindo o meu papel,
Sirvo sem ter alarido,
Sigo sem temor algum,
O meu medo diz nenhum
O pavor morre esquecido
Quando vejo a lua mansa
A certeza da esperança.

28451


“nem esta é mais minha casa,”
Nada tenho mais do quanto
Se perdera em tal quebranto
Solidão já não atrasa
Cavaleiro enluarado
Sem temor bebe esta luz
Quando a fúria me seduz
Revivendo o meu passado
Cravo os olhos no presente
Vejo então qualquer futuro
Se deveras esconjuro
Se das dores vou ausente
Beijo a boca da saudade
Galopando a liberdade.

28452

“Mas eu já não sou eu mesmo”
Nada sinto do que sou
Se o caminho desviou
Na verdade ora ensimesmo
Livro os olhos do passado
No futuro tão somente
Não ficando pra semente
Vou bebendo deste fado,
Aguardente doce e amarga
Coração dita o destino
E deveras me alucino
Voz deveras já se embarga
Embarcando para a lua
Alma leve já flutua.

28453


“ao redor de tua faixa”
Nada pode contra quem
Já sabendo o que contém
Se há temor nem bem encaixa
Vai vivendo o que pudesse
Sem saber se lá teria
Noite espalha segue fria
O futuro não se esquece
Vive sempre a liberdade
Goza deste carrossel
Desce a lua sobe o céu
Na varanda vento invade
E tormento nem sequer
Traças verdes da mulher.

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