sexta-feira, 2 de abril de 2010

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28428


“Quantas vezes te esperava,”
Enfrentando medo ou não
Sem saber da direção
A minha alma sendo escrava
Cravejada de esperança
Ganha agora a liberdade
Esmeralda, rubi, jade
Onde a sorte ainda Alcança
Vence o risco e vai cigano
Coração entranha a luz
E a senzala não produz
Mais sequer um erro, um dano,
Vivo assim; viva promessa
Cada dia recomeça.


28429

“— Quantas vezes te esperou”
Quem deveras libertário
Não conhece um adversário
Tanto rumo procurou
Em searas diferentes
Com ternura ou com vigor
Em tormento ou desamor,
Dias frios, noites quentes
E o passado aflora quando
Vejo o rumo noutra sina
A emoção que me fascina
O cavalo galopando
Sem fronteira nem limite
Queira ou não quem acredite.

28430

“onde está tua filha amarga?”
Onde está teu caminhar.
Na fronteira do luar
Noite adentro não me larga
Caminhante coração
Sem desvio, segue insano
Poderia novo plano
Nesta estranha profusão
Se deveras sou assim,
Libertário. Alma cigana
Tanto errônea quanto engana
Se enredando até o fim,
Não largando este futuro
Nesta senda já perduro.

28431

“Compadre! Dize onde está”
Quem deveras não devia
Sendo escravo da alegria
Desde aqui morrendo lá
Vencendo o dissabor
O não ter nem mesmo quando
O meu mundo revelando
Noutra senda nova cor
O galope do cavalo,
O caminho mais liberto,
Vou seguindo em peito aberto,
Da tristeza nem resvalo,
Tão somente a liberdade
Na verdade o que me invade.


28432

“de vel, de menta e alfavaca”
De ritos e sangues tantos
Muitas vezes desencantos
A saudade não se empaca
Risca tréguas vence milhas
E não tendo mais parada
Onde quer adivinhada
Sorte tanto quanto trilhas
O vencido é vencedor
A cortante melodia
Tanto encanto quanto esfria
Esgrimando vida e dor,
Navegando em carrossel,
Alça espaços meu corcel.

28433


“na boca um raro sabor”
Nos olhos um raro brilho
Quando sigo e maravilho
Adivinho aonde eu for
Cor e luto, luta, lenda
Tendas tantas ouro em pó
Cavaleiro segue só
Sem ter voz que ainda atenda
Liberdade bebo agora
Beijo a boca do cometa,
Onde quer que se arremeta
Nem saudade me decora,
Sigo a sorte do cigano
Coração velho mundano.


28434

“na boca um raro sabor”
Nos olhos um raro brilho
Quando sigo e maravilho
Adivinho aonde eu for
Cor e luto, luta, lenda
Tendas tantas ouro em pó
Cavaleiro segue só
Sem ter voz que ainda atenda
Liberdade bebo agora
Beijo a boca do cometa,
Onde quer que se arremeta
Nem saudade me decora,
Sigo a sorte do cigano
Coração velho mundano.

28435



“O longo vento deixava”
Cabeleira solta esparsa
Coração já não disfarça
Expressando fúria e lava
Lavo os olhos na saudade
Levo os olhos para quem
Na verdade não contém
E decerto o peito invade
O cigano sentimento
Libertário não se cansa
Água turva, brava ou mansa
Não detém o pensamento,
Vou seguindo sem ter freio
Nem o medo mais receio.

28436

“os dois compadres subiram”
O caminho desejado
Desenhando sorte e fado
Noutro rumo prosseguiram
Conseguiram velhas ramas
E deveras os cavalos,
Nada cerca tais embalos
Nem tampouco tantas chamas
E nas fráguas desta lua
Raio aberto, espesso céu
Claridade diz corcel
Minha estrada continua
Muito além do que pensara
Sendo a noite imensa e clara.

28436

“feriam a madrugada”
Sem temores, cavaleiros
Galopando em espinheiros
Cada pedra desprezada
Sem saber de dor ou medo
Um cigano caminhante
Vendo a lua num instante
Verdejando o seu enredo,
Não temendo nada após
Segue rumo ao infinito
O seu sonho mais bonito
O corcel, o mais veloz
E não cala quem permite
Esta vida sem limite.

28437

“Mil pandeiros de cristal”
Doces sons, velha esperança
Do vergel em aliança
Ao passeio triunfal
Rituais desvendo agora
Quando o tempo diz do tempo
Ignorando contratempo
Nem o medo me devora
Sensação de liberdade
Sensação de terra aberta
A saudade me deserta
A paixão nova me invade,
E o cavalo na montanha
Preparando nova sanha.

28439

“faróis de folhas de lata”
Olhos dos telhados vendo
Se deveras estupendo
Ou se tanto me maltrata
Sorte alheia vento frio
Nada passa por aqui
Se o caminho já perdi
Coração em desafio
Desfiando cada pano
Não conhece mais temor
Seja sempre como for
Liberdade de cigano
Não se engana nem se troca,
Pelo céu só se desloca.

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