quarta-feira, 31 de março de 2010

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“é doce filtro, o amor, e fel contém”
Ansiedade feita em alegria,
O gosto mais suave se porfia
Depois do quanto quis, vejo ninguém,
Assim num caminhar tempestuoso
Anseios se mostrando tão vorazes
Lunático delírio em tantas fases,
Vencendo ou se vencido dor ou gozo,
Na majestade feita em luz e glória
No medo se tornando mais constante,
É deslumbrante e vil num mesmo instante,
Deveras noite clara ou merencória,
Amor sem ter limites, diz segredos,
Ludibriando ao fim próprios enredos.

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“O amor é vida e leva a sepultura,”
Porquanto se mostrasse mais audaz,
No quanto de esperança já nos traz
Moldando no final, a noite escura,
Erguendo a fina taça aonde um dia
Celebro amanheceres inconstantes,
Seduz por ter no olhar, falsos brilhantes
E trama a dor enquanto à luz nos guia,
Escassas horas dizem tanta vida,
E não podendo ter mais tradução
Por mais que novos rumos se farão
Do quanto caminhara se duvida,
Divide a sorte em tanto ou quase nada,
Assim amor se mostra em vária estrada.

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“e ri da dor, se dele a dor lhe vem”
Não deixa qualquer dúvida e duvida
Ao mesmo tempo cura e traz ferida,
Das sortes desejadas tanto aquém
E quando se perfaz em luz diversa,
No quase traça o tanto que se crê
Engodo se ditando sem por que,
E nele toda a glória desconversa,
Complexo e tão mordaz, fomento e fim,
Escara decifrada a cada passo,
Nas sendas deste todo me desfaço,
Negando mesmo o quando e quanto vim,
O prazo de um amor, tal variante,
Por vezes falso brilho, ou diamante.

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“Chora o amante, se o amor lhe dá ventura,”
E traz a luz enquanto nos maltrata,
Assim o vento forte em tez ingrata
No parto traduzindo a sorte escura,
Esgueira-se deveras por caminhos
Aonde não se vê qualquer final,
Amor tendo o seu próprio ritual,
Os dias mais doridos se sozinhos
Ansiosamente dizem do passado
E quanto mais audaz, mais inseguro,
No topo deste anseio me perduro,
E assim ao se notar diverso grado,
O quanto muitas vezes diz o não,
E quando nem tampouco se verão.





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“mas, sendo mal, sofrê-lo nos faz bem . . .”
E quando se percebe desta forma,
Quem ama ao se doer não se conforma,
Traçando o quanto é vário o que contém,
Neófito não sabe o descaminho
Gerado pelo tanto que se sente,
E quando desta luz se faz presente,
Por vezes do terror eu me avizinho,
Gestando nele mesmo angústia e gozo,
O amar se trama envolto em raro brilho,
O quanto se demonstra em novo trilho,
Deveras muitas vezes majestoso,
Transforma qualquer ser em luz ou treva,
Amor em desamor mesmo se ceva.

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“Amor é mal, é mal que não tem cura;”
Porquanto indecifrável quando traça
Na luz ensandecida esta fumaça
Gerando mel em forma de amargura,
Ocaso se dizendo do princípio
A tez tão variada me faz ver
A dor aonde um dia quis trazer,
E traz da cordilheira ao precipício,
Venal e tão gentil por vezes dita
A sorte incomparável, mais sutil,
Além do que deveras se previu
Ou quase, glória em paz, reina bendita,
Severas tempestades, calmarias,
Assim traçando medo em alegrias...

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