28067
“Só exista a vontade a comandar avante”
No peito de quem tanto em glórias se vestiu,
Num coração que seja audaz, quanto gentil,
O dia nascerá decerto deslumbrante,
O medo não existe e o peito a cada instante
Sem nunca ser venal, tampouco sendo vil
Em justo caminhar jamais sendo servil,
Deveras, pois terá seu passo triunfante.
Vencendo o temporal, adentra a correnteza
E sabe desfilar em plena natureza
Sem magoar a terra, e mesmo sendo além
Do simples caminheiro, audaz e sempre forte,
Ao ferido que alente, ao vencido conforte
Sabendo desta força enorme que contém.
28068
“Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,”
A dor vier tomar espaço e não deixar
Sequer algum instante, ao menos de traçar
As células matando, e dela seus corpúsculos,
Gerando o medo então, no olhar mais altaneiro
A glória de saber, o quanto foi feliz,
E tendo em sua vida além do que mais quis,
Do amor e da alegria, um nobre mensageiro,
Vivendo em plenitude o quanto poderia,
E mesmo em toda a dor, saber que um dia o fim
Virá e renovando assim cada jardim,
A sorte noutra sorte um dia findaria.
Olhando mansamente o céu que já desponta,
O sol traça o futuro e ao horizonte aponta.
28069
“A renovar um esforço há muito vacilante,”
O olhar permitiria a luz que ainda resta,
E mesmo que pareça aos outros tão funesta,
A sorte que se mostra assim mais terebrante,
Permite um novo tempo e nele um raro instante,
Deixando para trás o medo aonde gesta
A palidez do não, passado não atesta
Gerando um novo ser, deveras fascinante.
Não temas o que a dor decerto nos ensina
O sofrimento eu sei, faz parte desta sina
Da qual ninguém escapa e nem escaparás,
Mas veja com ternura esta dura verdade,
Enquanto o coração mais alto ainda brade,
A mão mais vigorosa, o rumo mais audaz.
28070
“Se puderes obrigar o coração e os músculos”
A não saberem tanto a dor que enfim terás
Por mais que talvez seja ausente em ti a paz,
Assim tu vencerás os medos e os crepúsculos.
Não tendo noutro dia o anseio que tomara
A caminhada atroz em noite dolorida,
Ao menos poderás saber que assim a vida,
Transforma a noite escura em manhã bela e clara,
Gerando após a chuva imensa calmaria,
O quanto tão feroz, a dor que consumia
Agora apascentado, enfim o coração
Bebendo a mansidão, em água bem mais pura,
Não há eis a verdade a dor que se perdura,
Um dia mostrará deveras redenção.
28071
“Voltares ao princípio a construir de novo”
O mundo que pensara há tanto em desarranjo
Deveras caro filho, o olhar de um pai, de um anjo
Sabendo ter a paz e trazê-la a seu povo,
Vivendo plenamente o amor que não tem fim,
Perdão a cada engano ou erro cometido,
Assim como um amor sem olhar para quem,
Por ser somente amor, e nisto se contém,
A sorte desenhando um tempo prometido
Em paz e claridade em luzes sendo feito,
Gerido pelo encanto e pelo amor sublime,
Que tanto nos permita além do que se estime,
Amar por tanto amor, deveras deste jeito,
Um dia eternizando a voz bem mais suave,
Superarás com fé qualquer problema, entrave...
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