terça-feira, 30 de março de 2010

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28083


“Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho”
A vida desenhando os seus momentos quando
Deveras se percebe o mundo desabando
E nele se transforma o que decerto sonho,
Mas sabes muito bem o quanto é dolorido
O tempo de quem luta e mesmo na vitória
Estúpida decerto o que se faz vanglória,
A dor, medo e sorriso, apenas num olvido.
Assim meu filho veja o sol que amanhecendo
Após a bruma intensa em noite turbulenta
A vida se permite e mesmo se apascenta,
Momento doloroso, após um estupendo.
Revive-se na luz a treva do passado,
Assim o céu escuro, um dia iluminado.


28084


“Fazer do pensamento um arco de aliança,”
Unindo o que já fora ao quanto inda virá,
Mudando a nossa história e sendo desde já
Assim caminha a vida e nela uma esperança
Aonde no futuro o presente se lança
O sol que com certeza ainda brilhará
E a chuva que depois decerto inda virá
Entre o ser e o não ser, a vida sempre avança.
Pudesse ter nas mãos, destino venturoso
Quem sabe nosso dia, um tempo caprichoso,
Mas quando se percebe a dor em dura face
Que o medo não te tome e nem deixe findar
O amor que tanto tens e sabes navegar,
Vencendo o temporal, terrível, vão impasse.

28085


“Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho”
E não deixar sequer que a sorte dite normas,
Por mais que tanta vez o mundo tu transformas,
Às vezes o retrato é trágico e bisonho.
Mas quando tens no olhar, a mansidão de quem
Já sabe quanto pode e deve caminhar,
Assim a própria sorte, invés de maltratar
Transporta a lucidez na qual já se contém
Razão para seguir em paz mesmo em tormenta,
Na fúria se desenha a calmaria após
A dor que agora cala e nega a nossa voz,
Depois de certo tempo, aos poucos se apascenta
E ensina ao caminheiro o rumo a ser tomado,
É só ver as lições que vêm do teu passado.


28086


“Se podes esperar sem fatigar a esperança”
E ter esta certeza em luzes sendo feita
Do quanto é necessário engodo que se aceita
E tanto nos ensina enquanto a vida avança
Futuro com passado, uma velha aliança
A fera sabe bem se aproveitar da espreita
Quem tem olhar mais firme enfrenta e se deleita
O caçador à presa, intensa e fera lança.
Assim ao caminhar espera com brandura,
A sorte só se dá pra quem sempre a procura,
E não se mostrará deveras por acaso,
O tempo tem seu ritmo, e dele se transforma,
O quanto desta vida é lei é regra é norma,
Decerto tudo tem limite, tem seu prazo.

28087


“Nem pretensões de sábio a dar lições de amor”
Nem mesmo se calando em frente às injustiças
Deixando-se levar no vão destas cobiças
O canto que maltrata, às vezes redentor.
O mundo se disfarça e sempre é multicor,
Esconde-se detrás das mais terríveis liças
E quando se percebe ao fim tu mesmo atiças
Se não cuidar direito, o mal é tentador.
Por isso caro filho, eu quero nos teus olhos
Certeza de uma flor, ausência dos abrolhos
A paz como teu guia, e nela se fazendo
Um dia mais tranqüilo envolto em plenitude
Que seja sempre assim, pacífica atitude
O amor então virá sublime dividendo.


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“Mas sem a afectação de um santo que oficia”
Tampouco seja o dono audaz de uma verdade,
Assim tu mostrarás, que em tal austeridade
Deveras me trarás ao fim tanta alegria,

Não deixe que o poder, que a vida mesmo guia
Aos poucos te tomando o rumo já degrade,
Sabendo quão é nobre o ter sinceridade,
Embora respeitando a alheia fantasia,

O corte cicatriza e seja o lenitivo
Enquanto a tua mão apóie quem mais pena,
Invés da tempestade, atroz, sempre serena,

Assim querido filho, o amor quando eu cultivo
Gerando a imensidade em perfumes e aroma,
Que seja muito além de simples, mera soma.


Invés da tempestade, atroz, sempre serena,





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“Se dás ternura em troca aos que te dão rancor”
E sabes perdoar quem tanto te odiara
A tua vida filho, exposta à dura escara
No fim se transformando em glória de um amor
Que verdadeiramente eclode em raro brilho
Por mais que tanta vez, o mundo te maltrate,
Deveras não permita o nó que se desate
Com toda a plenitude, o amor este andarilho
Invade quem se dá e não permite a fúria
Tampouco se demonstra em ares mais venais,
Enfrenta em mansidão terríveis vendavais,
Supera com brandura, a dor de alguma incúria
E traça em linha firme o nosso amanhecer,
Somente o pleno amor traduz pleno prazer.

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“Se podes dizer bem de quem te calunia”
Traçando em paz suprema o quanto em dor se faz,
Trazendo a mansidão, embora seja audaz
A sorte com certeza, eu sinto que te guia
Levando ao bem estar, com toda galhardia,
Momento mais feliz, o medo queda atrás
Restando em tuas mãos, aroma que é capaz
De transformar a vida, em plena luz do dia;
Meu filho não permita o anseio da vingança
O coração mais fero à fúria já se lança.
Por isso é necessário o canto mais tranqüilo
E nele se criar um tempo mais suave,
Não deixe que o terror; imensa e dura trave
Imerso em ódio tanto em ti encontre asilo.

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“Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão”
A vida seja assim, caminho venturoso
Aonde se perceba uma alegria em gozo,
E tome com ternura o norte e a direção,
Ausente deste olhar terrível punição
O quanto se mostrando às vezes caprichoso
O mundo seja enfim em ti maravilhoso,
E nele se conceba a imensa redenção.
Perpetuando o riso, infaustos quando vêm
Encontrem mansidão e fiquem bem aquém
Do que pudera em dor, gerar tanta tormenta
Que tua voz macia e calma já transmita
Serenidade plena, a quem deveras grita,
E toda esta beleza, ao fim tudo apascenta.

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“Tu podes responder subindo o teu calvário”
Com toda a paciência e crendo ser assim
Que a vida nos levando inevitável fim,
Mas que amor permaneça intacto no inventário,
Gerando pleno amor, num ato renovável
Depois do temporal, um dia mais sereno,
O quanto se destila, a vida em vão veneno,
Que tenha em ti somente um ar bem mais amável,
Assim querido filho, encontrarás decerto
Um mundo mais feliz e nele esta certeza
De quanto se podendo em glória, em paz, nobreza
Deixando este caminho eternamente aberto,
Vencendo qualquer dor que um dia te tocando
Com ar bem mais tranqüilo, enfim doce e sereno.

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