28236
“...Adeus, amores... adeus!...”
Nada resta do passado
Este mundo desolado
Envolvido em dor e breus
Não permite sequer canto
Nem tampouco uma alegria
Solidão que desafia
Nela em puro desencanto
Penetrando em solo escuro
Nada resta, tão somente
O vazio por semente,
O vazio por futuro,
Sendo assim, dos meus amores
Já não tenho mais albores.
28237
“.Adeus, palmeiras da fonte!...”
Nada além de um solo frio,
Do deserto este vazio
O grisalho no horizonte
Tanta bruma aonde outrora
Azulejo se mostrara
Desta senda bela e clara
Nem lembrança nos decora,
E devora o desespero
Toma conta e quando invade,
Ao gerar a tempestade
Traz consigo o destempero,
Solitário caminheiro
Vendo só fogo e espinheiro.
28238
“Adeus, ó choça do monte,”
Nada resta, nem ao menos
Os momentos mais amenos
Água limpa em bela fonte,
Destroçado vejo o dia
Não se vê sequer o brilho,
Dominando o escuro trilho
Os ares de uma agonia,
Morte feita em solidão
Caminhando em treva e dor,
Poderia então compor
Novo tempo ou estação,
Mas as feras, digo um homem,
Pouco a pouco te consomem.
28239
“Cisma da noite nos véus”
Bela lua sertaneja
Traduzindo o que deseja
Quem não quis os fogaréus,
Mas a força do dinheiro
Bem maior do que esperança
Apontando a fera lança
Destruindo por inteiro
O que fora mais sutil,
E deveras se desmata,
Sorte vã em terra ingrata
Tão diverso fim se viu,
Onde houvera natureza,
Nem água, nem correnteza.
28240
“Quando a virgem na cabana”
Iracema de Alencar
Encontrara um verde mar,
Noutra terra soberana
Não podia nem saber
Nem tampouco traduzir
Uma ausência de porvir
Nesta sede de poder,
Vejo a morte e nela traço
Com terror imenso um verso,
O caminho então disperso
Feito em nó, em fogo em aço,
Veste apenas o vazio,
Que deveras já recrio.
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