quarta-feira, 31 de março de 2010

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28164


“Sente pungir-lhe n’alma desolada”
Aquele que não sabe da existência
De quem ao se entregar em penitência
A história num momento transformada,
A santidade expressa em tanto amor
E nele perpetua esta alegria,
Que agora quando em luzes já nos guia
Traduz no nosso olhar o Redentor,
Em Vossa caminhada sobre a Terra,
O medo não faz parte do que em Vós,
Vencendo a fria fera mais atroz
Somente a claridade ora se encerra.
Alvissareiro seja, pois então,
Quem sabe deste amor e do perdão.


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“Mãe comprimida ao lenho de Jesus”
Aonde se mostrara em Sangue a Graça,
Futuro com passado se congraça
E a vida vejo então em rara luz,
A morte no Calvário nos redime,
E faz nascer em nós farta esperança
Na ponta venenosa de uma lança
Uma expressão terrível, dolo e crime,
Mas quando se percebe a força tanta
Deste Cordeiro rei dentre os hebreus,
O mundo que vivera então nos breus
Agora em força e sorte se levanta.
Alvissareiros dias para quem
Conhece esta verdade muito bem.

28166


“Nem um conforto! Só a desvelada”
E dura sensação do sofrimento,
Enquanto a cada dia me atormento,
Minha alma me levando ao mesmo nada,
Percebo no horizonte imenso sol
E dele bebo os raios mais felizes,
Embora do passado, as cicatrizes,
Futuro se desenha em tal farol,
Mergulho em Vossos braços, Pai Eterno,
E sinto-me deveras mais tranqüilo,
No amor que em tanto amor ora destilo,
Nas ânsias mais ousadas eu me interno
E sigo cada passo do Senhor
Que se fez morto ou vivo em pleno amor.


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“E a natureza treme horrorizada”
Ao ver o sacrifício de quem tanto
Se fez em pleno amor, e no entretanto
A sorte noutro rumo viu lançada,
A espada penetrando, o vil açoite,
A cruz, o prego o fogo da vingança
Quem sempre ao grande amor eu sei se lança
Não teme a tempestade, enfrenta a noite
E vence mesmo sendo derrotado
Num momento feroz da humanidade
Aonde com furor a fera brade,
Cordeiro que assim vejo ora imolado,
E sendo em nome claro deste fausto
Que Ele se entregou, duro holocausto.

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“Porque fugia do sol a própria luz”
A Terra em trevas plena se mostrava
Aonde se fizera fúria e lava,
Apenas o terror tudo conduz,
Assim na sexta feira se trazia
Em fogo a desventura do Cordeiro,
Do amor e do perdão, um mensageiro,
Moldando com fulgor tal fantasia,
Assisto à velha cena a cada instante
Na fome, na miséria, na injustiça
E quando esta verdade movediça
Se mostra com certeza torturante,
A cada novo tempo outro Jesus,
Só muda de cenário, corte e Cruz.



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“Do Salvador exangue sobre a Cruz,”
Imagem dolorida se percebe
O sangue se escorrendo toma a sebe
E nela se realça em dor, Jesus.
Percorro cada dia numa esquina
E vejo mesmo olhar de sacrifício,
Assim num tosco e eterno precipício
A podridão deveras nos domina,
Dirima-se decerto esta injustiça
Não deixe que este mundo siga assim,
Brotando nova flor neste jardim,
Aonde existe a marca da cobiça,
Deveras Aleluia se refaça
E a Glória do Senhor em nós renasça.


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“A treva esconde a face delicada”
De quem ao ser deveras torturado
Redime com perdão todo o pecado
Da humanidade sempre tão amada,
Amarga realidade nos tomando,
A fúria de hoje em dia transcendendo
Aonde poderia em dividendo,
O mundo se perdendo, e demonstrando
Que a fera ainda existe e se transtorna
Enquanto noutra cruz outro cordeiro,
Assim se vê no mundo, quase inteiro,
E a sorte do futuro já se entorna,
Mordazes e terríveis os chacais,
Foi por eles que Vós vos entregais?

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