quinta-feira, 1 de abril de 2010

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“Rega o sangue das mães”
A fúria sem limite
A insânia se permite
Na confusão de cães
Que tanto reproduzem
Os males e os tormentos
Completos desalentos
Deveras me seduzem
E a fúria me tomando
Decerto não mais creio,
O mundo sem receio
O peso em contrabando
E o gozo de um orgasmo
Insano em torpe espasmo.

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“Magras crianças, cujas bocas pretas”
Tentando qualquer forma de alimento
Apenas fel tomando este momento,
As hordas entre as hordas de capetas
Incríveis gerações e clãs diversos
Estúpidos venais acorrentados
Cabelos entre os olhos desgrenhados
E os passos sem destino vão dispersos,
Não posso me calar, danço e me agito
Fornalha se mostrando em ar sutil,
O solo do desértico Brasil,
Agora feito em brasa, mais bonito,
E o rito demoníaco propaga
Ainda bem maior escara e chaga.

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“Negras mulheres, suspendendo às tetas”
Macilentos demônios entre tantos,
Assisto ao derrocar dos desencantos
Girando feito em trevas, os cometas,
Ansiosas as bacantes bebem sangue
Dos corpos exauridos, mas respiram,
Demônios com demônios já conspiram
No seco e tão funesto, antigo mangue
Aonde em profusão seres vulgares
Zumbis perambulando sem destino
E quando vejo a cena me alucino
A podridão se exala em mil lugares,
Vasculho dentro em mim é só percebo
Demônio que deveras quero e bebo.



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“Horrendos a dançar”
Demônios entre tantos
Sorvendo dos quebrantos
O quanto pode dar
A sorte a se tornar
Deveras desencantos
Por todos vários cantos
O vento a trucidar
Os restos que se vê
Sem nada e sem por que
Medonhos caricatos,
E assim brindando ao podre,
Dos vinhos em cada odre
E repelentes pratos.

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“Legiões de homens negros como a noite,”
Ansiosas faces rubras, branca tez
Tomados por total insensatez
Vibrando em fúria vejo um fino açoite
E a carne decomposta faz a festa
De todo rapineiro que inda sobra,
Terrível Satanás divina cobra,
Ao gozo mais fugaz quando se empresta
Gerindo tal orquestra em funerais
Marcando em dissonância este compasso
A terra sem destino pelo espaço
Exposta assim solares vendavais,
Não deixo de saber cada sevícia
E sinto a cada corte, outra delícia.

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“Tinir de ferros... estalar de açoite..”
A festa não termina e quero mais,
Comendo nestes podres festivais
Assim se ultrapassando outro pernoite
Sem ter manhã nem sol que ainda brilhe
Tomado o céu por brumas tão espessas
A vida a se mostrar sempre às avessas
Caminho em treva tanto maravilhe
O olhar de quem se fez em tempestade,
Singrando este oceano em fogaréu,
A terra navegando segue ao léu
Somente a podridão agora invade
Redime cada corpo decomposto,
E o mundo em morbidade, assim exposto.



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“Em sangue a se banhar”
Demônios entre os restos
Momentos mais funestos
Eu posso adivinhar
O mundo a naufragar
Satânicos meus gestos,
Risonhos, desonestos
Deveras demonstrar
Fatídica visão
Total contemplação
Do nada que se vê
E assim sigo vazio,
Ainda vivo espio
E busco algum por que.

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“Que das luzernas avermelha o brilho”
Gerando a sensação de alguma luz,
E a fúria noutra fúria reproduz
Caminho onde tento, teimo e trilho,
Percorro outro infinito sem saber
Se existe alguma vida; além dessa
A história noutra história recomeça
Satânico caminho a me envolver
Cardumes de zumbis vagam sem rumo,
O cheiro pestilento do nefasto,
Mas gosto e com certeza não me afasto
Bebendo com furor terrível sumo,
Assisto à derrocada do planeta,
E a sorte de um porvir que se prometa.

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“Era um sonho dantesco... o tombadilho”,
A proa todo barco dito terra
Em furioso mar de lava encerra
Deveras o caminho em torpe trilho,
Seguindo sem ter paz um só momento
Demônios e figuras mais nefastas,
As horas entre as horas sendo gastas
Somente para a senda do tormento
E o peso de ter mesmo me esquecido
Do quanto fora outrora mais gentil,
Demônio que em demônio permitiu
Morrendo quando nasce e não duvido
Da morte feita em vida me gestando
Da vida feita em morte renovando.

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